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LEITURAS DE ESTUDO: OS DEVORADORES DE CRONOS
É claro que não se chega a Deus pela leitura. Mas talvez se possa chegar pela desleitura ou seja, sabendo, de todo, o que não vale a pena ler. E quais são afinal os 100 volumes que, na Biblioteca de Alexandria, transmitiam ao futuro a sabedoria por inteiro.
Para já e enquanto não reconstituímos a Biblioteca de Alexandria, vamos vendo e sabendo e comunicando uns aos outros, o que não vale a pena ler.
O que não vale a pena perder cronos a ler.
Lisboa, 23/Junho/1996 - Quando se chega ao momento de aconselhar leituras a um estudante de radiestesia holística, é preciso bastante cuidado para não cairmos na armadilha das bibliografias exaustivas, consagradas e de autores célebres.
Acima de tudo há que respeitar o tempo, o pouco tempo (cronos) de que um estudante dispõe para ler, como aliás quase todas as pessoas hoje em dia.
É preciso ser frontal, afirmando que a maior parte dos livros que pretendem abordar o sagrado - a que a ciência chama área quântica, para baralhar tudo ainda mais - mesmo os livros e autores de reputação científica e/ou universitária, são pura perda de tempo e dinheiro.
Há de tudo nessa imensa bibliografia: desde a pura fraude ao vazio completo, desde a erudição balofa e insignificante ao discurso prolixo e chato. A maior parte dos livros sobre a área sagrada das energias é uma pura ficção, especialmente os que mais se vangloriam de ser científicos. A invenção domina estes autores, dotados da melhor boa intenção em ensinar fabulosas ciências ao comum dos mortais.
A invenção domina, por exemplo, nos livros e autores que pretendem dar-nos lições sobre fases da iniciação, a que alguns chamam ritos de passagem; a arte de sonhar em que o sr. dr. Carlos Castañeda, trascrevendo de um D. Juan mais ou menos fictício (nunca se apurou bem se os livros de Castañeda são livros de um antropólogo, se pura e simples romance de cordel) é um dos casos mais conhecidos e populares. (*)
A taça do santo Graal, com intermináveis histórias de lenda e mistério sobre os cavaleiros da Távola Redonda e do Rei Artur, são apenas isso: histórias de conto e lenda para adormecer bebés, como aquela que o senhores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. nos contam em «O Santo Graal e a Linhagem Sagrada»(*).
Se vamos, por exemplo, para os alegados testemunhos sobre a vida que há do outro lado da vida, o discurso é igualmente piedoso, reconfortante das almas e de boa fé, mas, no melhor dos casos, pura auto-sugestão dos cinco sentidos: as descrições do célebre corredor postmortem são apenas tradução imagética de um estado de consciência vibratória que, se existisse, estaria muito para além dos 5 sentidos e, portanto, dessas paisagens idílicas que são apenas produto dos mesmíssimos 5 sentido. É o caso de Raymond A. Moody Jr com os seus dois livros editados em português:- Reflexões Sobre a Vida depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa, 1981 e - Vida Depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa,
Uma telenovela da inesgotável cornucópia brasileira, pintava de cores românticas e líricas o outro lado, na piedosa intenção de mostrar que afinal a morte é libertação e serenidade. Como se do outro lado tivessem sentido palavras do ego emocional e sentimental como essas de paz, conforto, bem estar, felicidade, serenidade, etc.
Ao nível de telenovela estamos aliás bem servidos de elogios ao ego de cada um e de cada qual: o objectivo número um desse narcótico de massas, é mesmo reconfortar as pessoas na sua mediocridade e na sua estagnação.
As limitações da «mente» ao pensamento são mesmo notadas no livro do senhor Doutor Carlos Castañeda,«A Arte de Sonhar»(*), livro que, por sua vez, é um redutor desse mesmo pensamento até limites de inverosímil. Se as pessoas quando encetam um processo de iniciação, procuram plataformas de conforto e bem estar, estão evidentemente a pautar-se por parâmetros dos 5 sentidos e, portanto, estão pura e simplesmente a viver um processo de auto-engano.
Mesmo entre os radiestesistas encartados da nossa praça, o «sonho» e a «arte de sonhar» são muito explorados e enfatizados até ao ridículo. Devo confessar que tive um grande complexo de inferioridade, quando comecei a radiestesia, porque sonhava pouco e mal enquanto os meus colegas contavam sonhos maravilhosos que a radiestesia lhes produzia.
Sonhava eu que, com os progressos no trabalho com o pêndulo, viesse a sonhar muito e bem. Tem-me acontecido o contrário e ainda estou para saber se é progresso ou se é retrocesso. Não me lembro do que sonho, ou só raramente, e não posso portanto cultivar essa mitologia tão encantatória que os sonhadores natos cultivam. Com o beneplácito técnico, aliás, dos livros de Guillé, onde o sonho também é mostrado como um meio de maravilhas.
O sonho, quanto a mim, é apenas a forma espontânea de percorrer o oceano do inconsciente: e uma técnica como a da radiestesia holística, ensinando a percorrer esse oceano, vai dispensar, em parte, que o sonho tenha de fazer esse trabalho.
As vantagens «psicológicas» que se retiram do trabalho de radiestesia é um assunto muito perguntado pelas pessoas que pegam no pêndulo de radiestesia holística e começam este processo.
As melhores vantagens, creio eu, são indefiníveis. Porque se fossem definíveis não eram vantagens, eram sequência ainda dos cinco sentidos e dos respectivos egos e do omnipresente processo de auto-sugestão. Se há um pouco mais de claridade interior, não é, no entanto, nenhum daqueles deslumbramentos que é costume ver descritos nos livros de místicos e de extáticos.
Acho sinceramente que há muita literatura (a mais) à volta das fases de iniciação, se é que não é tudo literatura. E quando leio um livro de antropologia cultural como a obra coordenada por Jean Holm e John Bowker sobre «Ritos de Passagem» (*), assumo uma atitude um tanto ou quanto irónica, pois os rituais das várias religiões parecem-me apenas uma série de truques dos mestres, gurus e sacerdotes para ter nas mãos os neófitos e/ou iniciados.
A famosa «comunitas» de que fala o livro não é, afinal, outra coisa senão a egrégora, hoje em marcha desenfreada por tudo o que é movimento dito espiritual e grupo dito de iniciação. Mistérios e complicações, no meu entender, são apenas truques do poder sacerdotal e da autoridade religiosa para manter alienada a clientela e ter nas mãos os fiéis.
Quando a radiestesia holística proclama que cada um tem de ser mestre de si mesmo, está sublinhando isso mesmo: fugir das autoridades eclesiásticas e da armadilha das egrégoras, que incluem acções de parasitagem e vampirismo.
Se se vai para a bibliografia alegadamente científica, um livro de Óscar G. Quevedo, «O Poder da Mente na Cura e na Doença» (*), pode ser o melhor exemplo de quase 5 mil escudos atirados à rua. O primeiro capítulo é sobre o negócio de curandeiros mediúnicos. Mas a parapsicologia científica de Quevedo nunca vai além disso: um processo consecutivo de auto-sugestão e de auto-chantagem, ao nível dos enganos dos 5 sentidos e arredores.
Para quem se considera, com tanto ênfase, um cientista da parapsicologia, esta preocupação com os negócios dos curandeiros em geral e do Arigó em particular, é admirável. Mas extenuante.
Depois há aqueles livros – por exemplo, «As Medicinas Tradicionais Sagradas», de Claudine Breklet-Rueff, -- que têm alguns grãos de sabedoria aproveitáveis mas perdidos, misturados num monte de retórica e de superfluidades.
O prolixo (que se pode ler pró-lixo) também ocorre com uma grande frequência. Mas um caso que considero patético são dois livros sobre a Kaballah de uma sumidade em judaísmo, Gershom Scholem. São eles: «A Cabala e a Mística Judaica» (Ed. Dom Quixote) e «La Cábala y Su Simbolismo» (ed. Siglo XXI, Madrid). Mas também «La Cábala», de Alexandre Safran, é outra decepção(*). Muita parra e pouca uva. Longos e chatos, é o que é.
Francamente: há formas mais honestas de nos esportularem dinheiro mas principalmente de nos espoliarem daquilo que, em radiestesia, nos é mais precioso: o tempo (cronos) que não podemos perder no trabalho para a eternidade.
Os devoradores de Cronos são, de facto, verdadeiros assassinos de almas.
Valha-nos, no caso da Kaballah, um encontro feliz e compensador com três obras de ENEL - de leitura obrigatórias e preciosos auxiliares do estudo de radiestesia holística(*).
São de acrescentar na bibliografia de Etienne Guillé que, por acaso, até nem os cita, embora me pareça que não os ignora(*)
Para trabalho de testes, outra descoberta são os três livros de um português - José Nunes Carreira - que nem sonha, provavelmente, o serviço que está prestando aos estudantes da radiestesia holística. Aliás as chamadas, na universidade, civilizações pré-clássicas são um festival de boas informações sobre o sagrado e a sabedoria.
É claro que não se chega a Deus pela leitura. Mas talvez se possa chegar pela desleitura ou seja, sabendo, de todo, o que não vale a pena ler. E quais são afinal os 100 volumes que, na Biblioteca de Alexandria, transmitiam ao futuro a sabedora por inteiro.
Para já e enquanto não reconstituímos a Biblioteca de Alexandria, vamos vendo e sabendo e comunicando uns aos outros, o que não vale a pena ler.
O que não vale a pena perder cronos a ler.
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LEITURAS DE ESTUDO
Faz-se a seguir a listagem dos livros citados, destacando os que têm maior relevância para a disciplina de Psicologia:
Alexandre Safran - La Cábala - Ed. Martinez Roca - Barcelona, 1976
Carlos Castañeda - Arte de Sonhar - PEA - Lisboa, 1993
Claudine Brelet-Rueff - As Medicinas Tradicionais Sagradas - edições 70 - Lisboa, 1978
ENEL - La Langue Sacrée - Ed. Maisonneuve - Paris, 1968
ENEL - Post Mortem - Ed. Omnium Littéraire - Paris, 1973
ENEL - Trilogie de la Rota - Ed. Dervy - Paris, 1993
Gershom Scholem - La Cábala y Su Simbolismo - Siglo Veintiuno Editores - 1992 (oitava edição em espanhol)
Gershom Scholem - A Cabala e a Mística Judaica - Publicações Dom Quixote - Lisboa, 1990 -
Jean Holm e John Bowker - Ritos de Passagem - PEA - Lisboa, 1994
José Nunes Carreira - Filosofia Antes dos Gregos - PEA - Lisboa, 1994
José Nunes Carreira - Mito, Mundo e Monoteísmo - PEA - Lisboa, 1994
Oscar G.-Quevedo - O Poder da Mente na Doença e na Cura - Edições Loyola - São Paulo, 1979
Raymond A. Moody Jr - Reflexões Sobre a Vida depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa, 1981
Raymond A. Moody Jr - Vida Depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa,
Roy E. Peacock - Breve História da Eternidade- PEA - Lisboa, 1995
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1-1- 96-6-22> lder -3> - leituras de estudo em radiestesia - diário de um aprendiz de energias
OS LIVROS DE CIÊNCIA
Lisboa, 22/ Junho/1996 - Quando, em nome da ciência, se praticam hoje as maiores monstruosidades que uma sociedade (de consumo) monstruosa diariamente debita, convém pensar duas vezes, sempre que se fala, com reverência religiosa, de ciência.
No campo das correntes teosóficas, há duas que particularmente concorreram para essa mitologia dita científica : os rosacruzes, particularmente os do ramo norte-americano, sempre dispostos a provar, que não entram em superstições, e a Sociedade Teosófica.
Com todo o respeito que nos merecem as instituições mais antigas, é preciso, no entanto, dizer, que, em nome da holística e da radiestesia holística a arrogância em nome da ciência e da tecnologia é hoje uma das mais intoleráveis e mais geradoras de intolerância.
Quando, em nome da ciência, se constroem monstruosidades como esse CERN (e estou a falar- disto porque tenho diante de mim -fotografias do monstrosinho,) quando o gigantismo da ciência e da tecnologia atinge a megalomania das megalomanias – criminosa e perigosa – e quem paga isto tudo é sempre o mexilhão, ou seja, o Planeta Terra, há que vomitar também esse sapo da ciência e da tecnologia. Com toda a calma e tranquilidade.
Um estudante de radiestesia holística tem as 12 ciências sagradas à mão de semear, não precisa de se entusiasmar com a ciência profana obscena.
Se não vamos a Deus pelos livros, pelos livros de ciência e pela tecnologia é que decididamente só iremos, como fomos sempre e continuamos indo, aos quintos dos infernos.
É preciso pedir às instituições que tanto falam de ciência, a propósito do sagrado, que deitem fora esse preconceito e esse complexo e que não tenham medo de evitar a ciência e os cientistas. Pois (não) é aí que está o busílis.
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