ideolog-manifest>ideias-força>
AS IDEOLOGIAS RESPONSÁVEIS PELO DESCALABRO, PELO DESFECHO CRÍTICO, PELA DESTRUIÇÃO,
PELA POLUIÇÃO
-Ideologia iluminista - cientifista - positivista - tecnocrática
-competitiva - evolucionista - competitiva - capitalista - economicista - desenvolvimentista
-hedonista - materialista - consumista
-sintomatológica - autoreprodutivista - cicloviciosa
DESENHAR EM CÍRCULOS CONCÊNTRICOS (MODELO DA CAIXA CHINESA) AS IDEOLOGIAS RESPONSÁVEIS PELA ACTUAL E ÓBVIA DECADÊNCIA
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inimigo-inventar>-1806 caracteres-ficções>manifest>ecoinvestigação>
IDEIAS-FORÇA DO REALISMO ECOLÓGICO [índice de ideias:*****]: ONDE ESTÁ AFINAL A CAUSA DAS CAUSAS, O INIMIGO PRINCIPAL?
[Pontos-chave a não perder:]
Ninguém liga o efeito à causa que o provoca. A grande vitória deste sistema foi separar e sectorizar de tal modo os fenómenos, que ninguém percebe (o que se diz compreende) nada de nada.
E enquanto se verificar esta percepção separada de coisas que estão interligadas e em interdependência - como ensina a ecologia, tudo na natureza é interdependente - bem podem encher as crianças das escolas com manuais e discursos ecológicos.
Surge a grande seca
surge uma epidemia
surge um desastre climático
surge o sindroma de Oeiras [??]
surge a morte dos rios
etc
enquanto não se ligar o efeito à causa que o provoca, nada se compreendeu de nada
Mas qual é a causa?
Quando um rio morre, por exemplo, a causa será:
a fábrica poluidora?
será a Indústria, como sector da Economia ou confederação de industriais?
Será o capitalismo privado?
Será o capitalismo de Estado?
Será o monopolismo?
Será a estrutura ou a conjuntura?
Será o «homem» entidade abstracta de tantos discursos académicos?
Será o bacilo, o vírus?
Será o mercúrio, o chumbo, o crómio?
Será o Governo? Será a Oposição?
Será a AD? Será o Bloco central? Será o PCP?
Será a maldade humana?
Será a luta de classes?
Será o tecnocrata como instituição?
Será tudo isso e nada disso?
Será o imperialismo industrial?
Será a lógica do desperdício?
Será o modelo de crescimento exponencial ou logarítmico?
Será o sistema que vive de ir matando os ecossistemas?
Será a abjecção contemporânea?
Será a democracia? Será a ditadura? Será a monarquia?
Será a Tecnocracia?
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dezemb2-diario>-1752 caracteres-inventar> Diário mesmo
2/12/1990, sábado
OS MEUS SUSTOZINHOS
Mais do que o previsível envolvimento da humanidade num holocausto do tipo «guerra planetária» - que, exactamente por ser imprevisível não vale a pena tentar imaginar - o que me assusta e faz meter o rabinho entre as pernas, são pequenas coisas de somenos:
assusta-me a carga diluviana de publicidade que se exibe na televisão, ou a carga igualmente delirante de publicidade que se exibe nas revistas coloridas;
assusta-me entrar em livrarias como a Barata ou a Bucholz e pensar que nem em trinta mil vidas eu conseguiria ler a trigésima parte dos livros que ali se expõem como leitura «obrigatória» a qualquer pessoa culta;
assusta-me o pedinte sem pernas que se mostra na esquina do Chiado e que nos avisa de uma eventualidade semelhante, ficar a pedir sem pernas, à porta da Misericórdia, nesta ou em outra de mil vidas a que terei de vir;
assusta-me não a sida, feita e inventada para assustar, mas a campanha televisiva que a acompanha e que mostra, roçagante, um preservativo, como se a vida da humanidade dependesse daquele heróico latex;
assusta-me a manipulação do homem pelo homem, através dos potentes manipuladores de massas que são os «media» audio-visuais e, principalmente, a publicidade;
assusta-me o ar chocarreiro com que a nova vaga de jornalistas anuncia as virtudes da sociedade de consumo, a competição, a corrida para metas, sem que se veja saída para o que nos há-de conduzir todos ao abismo;
assusta-me a debandada que se verifica no seio do Partido Comunista Português, debandada que faz prever um acréscimo de marabuntas disponíveis para se infiltrar por tudo quanto é sítio e ambiente;
assusta-me que ninguém se assuste com o que me assusta(Teilhard de Chardin).
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5376 bytes- dezembro89>-adiario>-4495 caracteres Diário mesmo
O BOCEJO NACIONAL
Esse suicídio que é ser anarquista: Deus perdoe aos donos do poder
Lisboa, 30/Dezembro/1989 - O poder tem medo. Tem medo das abstenções. Tem medo do desinteresse e do bocejo. O poder tem medo que se saiba: o povo está farto do poder.
Por isso o poder obriga, multa, constrange. Por isso faz de uma festa cívica - o recenseamento - um acto drástico. Por isso torna um direito - o direito de votar - num dever coercivo.
«Hão-de pagar multa que se lixam...»
O mínimo de inteligência crítica é assim incompatível com a política.
A política é, de facto, o grande campo onde se torna obrigatório aceitar jogos que repugnam ao mínimo de consciência moral e de lucidez mental.
É o reino deles. Mas eles sentem-se sós e querem o rebanho lá. Por isso obrigam o rebanho, sob pena de pagar multa. Multa-se o rebanho para o obrigar a ser rebanho.
Crime de morte em Mediocracia é ter personalidade. Há que pagar multa por não ser medíocre.
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Que lindas são as tiranias da liberdade. Que lindos os direitos do homem transformados em obrigações. Que lindas demagogias e que lindo funeral é tudo isto a que chamam entrada no Mercado dos Nove. Mais que mercado, feira. De porcos.
Ser anarquista não resolve nada - dizem os desanarquistas. Mas foi a incurável aberração dos políticos profissionais - vejo agora bem - que empurrou milhares de pessoas para esse beco, para esse suicídio que é ser anarquista. É-se anarquista por não poder mais suportar o mau hálito dos poderosos. Que, não contentes em tirar olhos uns aos outros, nos querem a todos cegos. E parvos. E tolos. E medrosos.
Medrosos como eles, que tão sós se sentem - os calígulas.
Pobres deles a quem foi distribuído tão triste papel neste triste palco da vida. Que Deus lhes perdoe. E só Deus sabe como um anarquista acredita em Deus.
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Responsáveis não respondem.
Responsável é, por etimologia, o que responde. Ou devia ser.
Em Portugal, país das bizarrias, o responsável, regra geral, não responde. Mudo e quedo, só no palco dos grandes momentos solenes, bota palavra, desinibe o pio. Pergunta mais indiscreta ou mais directa que vá das populações até lá - ao trono - leva «sopa».
Vamos, por isso, nesta profissão bisbilhoteira de perguntar como é, para contar como foi, coleccionando «perguntas que ficaram sem resposta». Já fazem bicha, nos nosso arquivos implacáveis. Sem que os responsáveis acusem o toque ou, como seria obrigação, respondam.
Deixo algumas interrogações enviadas para as estrelas (na esperança de que sejam os extra-terrestres a responder), deste tonto Planeta Terra e já que por aqui os responsáveis são, solene e silenciosamente, irresponsáveis.
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Começou a época da caça. Os «caçadores» são a imagem do heroísmo português. E os acidentes de inocentes crianças com armas de fogo dos caçadores, o triste fado do nosso triste fado de cada dia.
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A neutral objectividade do noticiarista.
Mais uma rapariga de 14 anos colhida na Linha do Estoril, desta vez na passagem de nível de Santo Amaro de Oeiras.
Mais um facto banal, de rotina, que o jornalista deve noticiar seca e objectivamente, sem fazer comentário nem literatura. A morte, para o jornalista, é a vida dele de cada dia.
É a rotina. E quanto não lhe agradecem os outros (políticos & etc) tão profícua e obediente objectividade? Manuais progressistas do jornalismo a ensinam. Está, a letras de oiro, no livro de estilo da ANOP. Tomar partido, é só para quem tenha partido. Tomar partido pela consciência é fazer literatura, é sectarizar a notícia, é imiscuir opinião nos factos.
A morte nas passagens de nível deixou de ser escândalo. Providencialmente já conquistou o estatuto de rotina, para isso ajudou o noticiarista a que chamam jornalista. A morte continua, nas passagens de nível e nem só, mas se não fosse a morte diária do que iríamos viver?
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Banalizemos a morte.
Continuam a desaparecer crianças de Portugal e um conhecido semanário foi sensacional a descrever pormenores de tão inocente tráfico.
Mas os raptos continuam e o Poder, inocente, lava como Pilatos as suas mãos. E quando um facto deixa de ser sensacional, deixa de ser manchete, entra na rotina.
O rapto de crianças portuguesas exportadas para o Estrangeiro está a tornar-se rotina.
Viva a divina neutralidade do jornalista, para não falar do pilatismo dos políticos e governos.
Do escândalo à rotina: banalizemos a morte!
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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
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