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A AURORA DO NOVO PARADIGMA: O DIREITO HUMANO À IMAGINAÇÃO CRIADORA
Lisboa, 9/2/1992 - O realismo fantástico -- marcado em 1960 pelo aparecimento do livro «Le Matin des Magiciens» -- foi asperamente criticado na altura, quer pelos surrealistas, quer pelos mentores da «União Racionalista», poderoso «lobby» da tecnocracia mental.
A mais de 30 anos de distância, poderemos concluir que o movimento de Louis Pauwels e Jacques Bergier (este, entretanto, já falecido) era necessário ou que nada adiantou, sob o ponto de vista que (aqui nos) importa: a revivescência dos direitos da imaginação como virtude cardial do pensamento humano?
Outras questões deixadas pelo «realismo fantástico» parece continuarem ainda hoje vigentes. Por exemplo: estará suficientemente claro, mesmo aos mais lúcidos, que o surrealismo não foi um «irracionalismo» mas um super-racionalismo, englobante e não excludente da razão?
Esta distinção é importante. Tanto mais importante quanto se insiste, ainda, em meios ditos responsáveis da inteligência, que o advento da vaga nazi se deve a uma explosão de irracionalidade desencadeada. Gabriel Marcel, em «Les Hommes contre l'humain», não era dessa opinião e considerava os crematórios nazis o auge da excelência tecnocrática: pensando em Ceausescu e sua sociedade de «comunismo científico», Gabriel Marcel parece não dever estar só na sua tese.
Mas o mesmo equívoco não estará a verificar-se quando a pesquisa vai até aos alquimistas e a todos os surtos da literatura e da arte fantásticas, a todo o imaginário?
Não estará a confundir-se o que pode haver de racionalidade aberta em certas manifestações artísticas, com um conceito de irracionalidade demasiado estreito e apressado?
O surrealismo foi, no intervalo das duas grandes guerras, uma das primeiras tentativas para reabilitar correntes de pensamento e da arte aparentemente mortas e sem virtualidades. A sua pesquisa tanto se exerceu no tempo -- passado e futuro -- como no espaço -- culturas não ocidentais.
Que virtualidades têm ainda hoje essas pesquisas e as que as correntes posteriores (o «realismo fantástico», já citado) lhe acrescentaram?
No meio da confusão gerada pelas escolas estéticas que teorizam poesia e arte, que parece possível fazer -- ao alcance de quem escreve -- para delimitar e definir de novo a imaginação e seu primado, soberania, autonomia e alcance?
domingo, 11 de janeiro de 2009
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