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Quarta-feira, 16 de Julho de 2003 – inéditos ac
EDUCAR PARA A VIDA OU EDUCAR PARA A MORTE?
15/9/1976 - O sistema recupera tudo quanto ameace a sua ditadura sobre os homens.
A engrenagem trituradora apressa-se a ver o que constitui a semente da sua própria subversão para a deturpar primeiro, e depois comercializá-la (segunda forma de a deturpar e quase sempre liquidar).
A Ecologia entra na lista das disciplinas a abater e que, portanto, já foram, estão sendo ou vão ser cada vez mais recuperadas.
Bastava que lá estivesse o sufixo "logia'' para a tornar, desde logo, suspeita aos olhos de um militante radical. Tal como a parapsicologia, a análise energética, a antipsiquiatria, a etnologia e outras ciências que o sistema inventa para adiar a sua autodestruição iminente, entra a Ecologia no capítulo da ciência-alibi, da ciência-bóia-de-salvação.
Já repararam, com certeza, nos volumosos tratados que vão surgindo no mercado com gráficos estatísticos arrepiantes. Já repararam como a ciência estabelecida, mais uma vez, pela terminologia arrevezada, pela linguagem "esotérica", pelo calão técnico, pela superespecialização, tenta afastar da Ecologia o aprendiz militante.
Mais uma vez a ciência é deles, só eles a podem ministrar como sacerdotes encartados de mais este culto, como intermediários, medianeiros e vulgarizadores do excelso saber.
A classe universitária não quer que o poder do saber desça à rua. Acontece com a Ecologia, mas acontece com toda a investigação que se faça no sentido de subverter o sistema.
O que o sistema está fazendo para liquidar as "artes marciais" é digno de nota.
Basta abastardar a nobre arte do Zen, basta reduzi-la a mercadoria e a objecto vendável, basta fazê-la entrar no circuito do consumo para que tais artes e práticas, tais técnicas percam o poder subversivo de que estão animadas.
Sabiam, por exemplo, que o senhor René Dubos é catedrático de Biomedicina Ambiental na Rockfeller University? Ilustre ecólogo de reputação, serve ele de intermediário respeitado e respeitável para evitar que a Ecologia caia na rua, na mão de radicais ecomilitantes...
Na Psicosomática e seus catedráticos temos outro exemplo flagrante de como o sistema distrai, adia, recupera, abastarda para nunca a gente ver o fundo ao saco.
Tal como a Parapsicologia, a Etnologia e a Ecologia, reformula a Psicosomática os temas do Saber Primordial e da Tradição Primeira, para os "tratar" à sua maneira, para os filtrar e liofilizar, para os submeter à sua própria lei e ao exame da sua própria estrutura.
Para ser aceite no seio das famílias, esses assuntos ou fenómenos esotéricos, "insólitos', etc., têm que passar a provada ciência estabelecida. Ela é que determina como e se tais temas ou fenómenos são científicos e dignos de ser tomados em consideração...
No seio das famílias, o problema é de saber se vão "educar" as crianças nos sãos princípios desta Sofistica Tecnocrática, ou segundo a Lei da Sabedoria Infinita. Se vão educar as crianças para a Morte ou para a Vida.
Quando se diz que um militante é radical demais e que as coisas não são assim tão más, o militante responde que a opção, hoje, é apenas entre a Morte e a Vida. A morte que o Sistema oferece e a vida que oferecem as alternativas.
0 sistema está feito com a morte, o contra-sistema do militante radical está com a vida.
Trata-se de saber, para as famílias, se vão transmitir aos filhos os mitos e as mentiras que nos escravizaram a nós, durante vidas, durante gerações, durante eras, ou se vamos dar aos nossos filhos a oportunidade de evoluir, de criar um mundo de harmonia que nós não tivemos.
Mundo solar que espreita, de que há sinais evidentes, mundo que nasce entre flores e bombas, lágrimas e sorrisos, desespero e esperança, sismos e auroras boreais, mas que está nascendo já.
Mundo que não é possível construir em cima deste e dentro deste mas paralelamente a este.
Agrocomunas, bioagricultura, técnicas pobres, indústrias não poluentes, artesanato, criação de animais (para viverem connosco e não para abater), meditação, são sinais de um mundo solar que desponta.
Depois, as artes de curar: aprender a comer, a dormir, a respirar, a sonhar, a andar, a estar sentado, a olhar, a ver, a defender-se; aprender a transmutar o negativo em positivo; a suportar a dor e o sofrimento da violência, transformando-a em harmonia e sabedoria.
Nada disto, porém, nos será ensinado pelo ciência do Ocidente. Nada disto virá do sistema que nos escraviza e monopoliza com base nos mitos e crimes da sua infindável verborreia. Nada disto pode ser aprendido nas escolas que servem de suporte ao sistema, porque tudo isto subverte desde a raiz o sistema.
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1-1 domingo, 19 de Janeiro de 2003
alternativas-2-aa-ie>
AUTOSUFICIÊNCIA IMPLICA SOLUÇÕES ECOLÓGICAS E UMA CIÊNCIA DO MEIO CONCRETO (NÃO ABSTRACTA)
15/7/1978 - Alguma literatura contestatária acusando influência de um certo folclore anarco-comunitário, reclama-se da arquitectura ecológica, do forno solar fabricado à mão, da bicicleta como meio de transporte democrático, etc...
Não é mal intencionada essa literatura, e há uma bibliografia abundante que já fornece uma verdadeira «enciclopédia para o militante radical".
«Manual da Vida Pobre" ou "Manual para os Tempos Difíceis", estamos perante uma verdadeira enciclopédia do Militante, tal a abundância bibliográfica já fabricada, nomeadamente nos Estados Unidos, na França e na Inglaterra.
Sem rejeitar esses contributos de boa vontade, há que notar, porém, o carácter fragmentário e de solução abstracta, universal, não ecológica que alguns desses receituários têm.
O importante, nas soluções de vida unitária e comunitária, é que a ciência e a tecnologia nascem de uma prática que funciona em relação imprescindível com as características do meio biofísico, porque e enquanto funciona numa estratégia de auto-suficiência.
A solução abstracta, universal, concentracionária, da ciência ordinária, acaba, ao fim e ao resto, por tornar a vida (com )unitária dependente de importações várias, desde o material e as matérias-primas até ao utensílio, ao objecto, ao artefacto, até aos alimentos e ao vestuário.
A lição da ciência popular sobrepõe-se, assim, à lição que porventura nos possam dar brilhantes "manuais do tempo futuro", precisamente porque a ciência e a tecnologia populares nasceram de uma necessidade profunda de autosuficiência, a qual imprimia, portanto, às soluções uma inevitável marca ecológica, concreta, local.
Falar da civilização do granito é falar dessa intrínseca unidade entre autosuficiência de materiais, ecologia e ( ciência ou) tecnologia popular.■
domingo, 11 de janeiro de 2009
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