1-1-josué-1> notícias do futuro - releituras
JOSUÉ DE CASTRO E A URGÊNCIA DE MUDAR(*)
Josué de Castro voltará a Lisboa neste mês de Agosto. Cidadão do Mundo, ele é hoje a grande voz da esperança que se levanta para falar ao presente dos futuros possíveis.
Desde que em 1951 escreveu «Geopolítica da Fome», o seu pensamento não cessou de evoluir, de acompanhar os acontecimentos e os pressentimentos, de propor cada vez mais interrogações de índole prospectiva.
E quando em Março último, Josué de Castro pronunciou em Lisboa, na Sociedade de Geografia, a sua comunicação sobre «O Futuro Biológico do Homem», não foi surpresa para nós que nela falasse tanto em mutação e em necessidade de mudança, não foi surpresa que um dos mais lúcidos críticos das trágicas carências do mundo contemporâneo olhasse o futuro e dele nos viesse falar, dele exigisse o método, a via, a solução e a salvação.
Entre a explosão demográfica e o sub-desenvolvimento, Josué de Castro vê agora o Terceiro Mundo como a definitiva aposta do homem. Ou mudamos (Josué de Castro falou insistentemente de mutação biológica) ou sucumbimos. O velho adágio «ou cresce, ou morre» é agora mais verdadeiro do que nunca e para o tornar mais nítido, mais óbvio, basta que à palavra «crescer» se acrescentem os seus mais urgentes sinónimos: desenvolver, progredir, evoluir, mudar.
Sem um esforço prospectivo de mentalização (a que Josué de Castro se consagra hoje com a fé do apóstolo, a inteligência do pensador e o rigor do cientista) para uma política planetária, o homem-enquanto-espécie encontrar-se-á no fosso sem saída de que já se anunciam os mais trágicos sintomas em matéria de destruição dos recursos naturais.
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(*) Este texto foi publicado no diário «O Século» (Lisboa) , na rubrica do autor «Etapas para o Ano 2000», em 14/8/1970, e no diário «Notícias da Beira (Moçambique), na rubrica do autor intitulada «Notícias do Futuro» , em 12/8/1970
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1-2-brown -1> bio-net - informação em ciências da vida - sebenta nova naturologia
DA ECOLOGIA ESTRITA À ECOLOGIA ALARGADA
15/5/1999 - A interacção e/ ou interdependência do ser vivo com todo o meio ambiente que o rodeia e com o qual constitui uma unidade indissociável, é uma descoberta recente da ciência biológica. Apesar de óbvia, é uma descoberta recente.
A pouco e pouco, outra ciência teve que ser reconhecida e deu-se-lhe o nome de Ecologia, em que o ser vivo é estudado em relação com os outros seres vivos e com o meio ambiente.
A visão macroscópica e holística levou tempo a impor-se mas acabou por ser reconhecida, pelo menos teoricamente.
Mas a ecologia, mesmo a que reconhece teoricamente a interacção e interdependência de todos os factores, continuou truncada.
O conceito de meio ambiente ficou circunscrito ao ambiente físico, como se o ser vivo estivesse desligado de outros níveis de realidade.
Aquilo que algumas tradições culturais sabiam desde há milénios - a inter-relação entre Macro e Microcosmos - a ciência moderna tarda em conhecer e teima em não reconhecer.
A Ecologia só terá sentido, porém, quando for uma Ecologia alargada, que inclua não só o meio atmosférico, o meio calórico, o meio bioquímico, o meio geoquímico, o meio geográfico-telúrico, o meio psicosocial mas o meio cósmico de que todos os outros dependem.
Note-se que a Cronobiologia moderna( uma forma de ecologia alargada) deve-se ao estudo do comportamento animal, quando a Etologia descobriu que uma ampla gama de espécies, animais e plantas, eram capazes de «saber» os períodos do dia, as marés, os meses e inclusive os anos.
Admitir que o organismo continha em si um sistema cronométrico independente - que lhe dava informações sobre o tempo - era, apesar de tudo, menos «perigoso» do que admitir, como diz o professor de Biologia Franz Z. Brown, que «os organismos recebiam informação oculta sobre o tempo.»
Segundo Franz Z. Brown, professor de Biologia da Northwestern University , Evaston, Illinois, seria abrir uma «caixa de Pandora» e lançar sobre a biologia problemas insolúveis.
O medo aos «problemas insolúveis» suscitados por uma visão macroscópica da vida explicará, sem dúvida, que se tivesse chegado aos extremos absurdos da visão microscópica actual e que só no final do século XX tivéssemos uma ciência chamada ecologia, embora a Ecologia Humana continue a ser tabu e a Ecologia Alargada (Cosmobiologia) continue no limbo da total e imensa ignorância.
A investigação holística do (cada vez mais) global é retardada, enquanto a hiperanálise continua a ser levada a extremos patológicos e perversos, afogando com a quantidade de dados (e com a inflação das nomenclaturas técnicas) a qualidade do conhecimento científico.
No mínimo, a Nova Naturologia exige tanta atenção à síntese como à análise.
A inter-relação , a interacção e a interdependência que fazem a trama da vida têm que ser respeitadas, se é da vida e das ciências da vida que se trata.
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(*) Franz Z. Brown, professor de Biologia da Northwestern University (Evanston, Illinois) é autor do prólogo ao livro «Los Relojes Cosmicos», de Michel Gauquelin, Ed. Plaza & Janes, Barcelona, 1970. O livro foi publicado originalmente em inglês com o título «The Cosmic Clocks». ■
domingo, 28 de dezembro de 2008
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