terça-feira, 9 de dezembro de 2008

ESCOLA 2012

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Grupo de Autoterapia

RESPOSTA AO CONVITE DE ALGUNS PROFESSORES NO SENTIDO DE OS ALUNOS DAREM SUGESTÕES
SOBRE O CURSO

21/1/1999 - Os alunos do 1º ano, 1ª turma, foram convidados, por dois professores que integram o conselho pedagógico – Antunes de Sousa e Ana Eleanora Borges, - a apresentar sugestões para aquilo a que chamam «remodelação» do curso de Naturologia ministrado nesta escola.

É um honroso convite, pensamos nós, já que chama à participação a parte «fraca» do processo escolar, o corpo discente, os alunos, nomeadamente os do 1º ano que vários professores - Armindo Caetano e Antunes de Sousa, por exemplo - reconheceram as 1ªs e principais «vítimas» da actual situação curricular.

Sem nos considerarmos vítimas mas desejando avançar uma opinião de grupo, para maior justiça e equanimidade neste curso, estamos aqui a dirigir uma 1ª mensagem a quem queira ouvi-la e dar-lhe seguimento.

Isto, independentemente das sugestões que individualmente possam vir a ser apresentadas por cada um dos alunos que a isso foram convidados.

O projecto deste grupo - que designamos grupo de autoterapia - é simples e pode resumir-se em linhas muito claras.

Trata-se, com este grupo de autoterapia e as iniciativas que tenciona tomar - ciclos de reciclagem, férias de estudo, encontros de autoterapia, pesquisa intensiva na internet, etc - trata-se fundamentalmente de ajudar a reorganizar o curso de naturologia à luz do novo paradigma ético-científico emergente e conforme as últimas descobertas não só em ciências humanas e biológicas de ponta mas também o que respeita à viragem necessária nos métodos e procedimentos de ordem didáctica.

Neste caso muito concreto, consideramos os processos de avaliação obsoletos (na maioria das cadeiras) e a priorização das matérias curriculares igualmente obsoleta quando não perversa.

Os dois professores que nos falaram da referida remodelação, Antunes de Sousa e Ana Eleanora Borges, mostraram-se preocupados em acrescentar, em somar mais cadeiras de ciências particulares às que já existem, tudo em vista a aproximar-se do padrão vigente em escolas oficiais de medicina , ou seja, as que se regem pelo velhíssimo e ultrapassadíssimo paradigma. Não vemos como se pode caminhar para o novo paradigma naturológico e holístico seguindo as pisadas do velho.

É nossa opinião que novas cadeiras especializadas somadas às já existentes , só virão agravar o quadro que agora se manifesta e que não só desagrada como deprime todos os que constatam aulas despovoadas porque os alunos têm que se preparar para os testes e uma baixa de rendimento que se pode tornar deplorável.

Este quadro deprimente de aulas vazias deriva em directo de um procedimento didáctico que continua a imperar desde a Idade Média e que está conduzindo, por todo o lado e a todos os níveis de ensino (nomeadamente o universitário) a um mal estar generalizado, a um stress constante de alunos e professores, a uma sensação de beco sem saída que se acentua de dia para dia.

Urgente, para nós, é que surjam cadeiras de síntese e convergência holística, como as que estão surgindo em algumas escolas superiores do país ( para não falar de escolas estrangeiras similares a esta) e que certamente também almejam o licenciamento do ministério, se é que não o têm já.

Citem-se, desde já, entre as escolas superiores, aquelas que estão decidida e corajosamente a trabalhar pelo novo paradigma, sem medo da Ordem dos Médicos, seus gendarmes e seus cães de guarda:

Instituto Piaget

Faculdade de Psicologia

Instituto de Psicologia Aplicada

Instituto de Ciências Biomédicas

Não é, quanto a nós, pela via mnemónica - herança medieval ainda em vigor -, nem pelas várias e desvairadas especialidades somadas , que o ensino em geral irá a alguma parte e que o ensino da naturologia em especial cumprirá a sua missão histórica de ajudar à viragem do novo paradigma ético-científico, ou seja, holístico.

Por exemplo: seria muito mais produtivo para a escola, para o curso, para os professores e principalmente para os alunos que o exemplo do professor Carlos Ventura, em História da Saúde, se generalizasse aos outros professores. Escolhendo para objecto de avaliação um trabalho em que a criatividade, o interesse e a comparticipação do aluno é posta à prova será certamente muito mais didáctico, muito mais pedagógico, muito mais naturológico do que obrigar as pessoas a fechar-se em casa (e a faltar às aulas) a encornar matéria que no dia seguinte ao teste já está completamente esquecida. Com a agravante de não ter ficado assimilado um milímetro do essencial, já que só aquilo que se compreende se assimila e o que apenas se decora imediatamente cai como inútil.

É, portanto, pela filosofia do curso que se deve começar e é à filosofia do curso de naturologia que este grupo tenciona dar um contributo não só valioso como decisivo para bem do futuro da escola, da naturologia e dos futuros 1ºs anos que, desejaríamos, não continuassem a ser «vítimas » como têm sido estes até agora. E quem diz filosofia do curso, diz qualidade.

Em troca desse trabalho, que já começou a ser realizado a toda a velocidade para ser apresentado o primeiro relatório até às férias da Páscoa, os participantes deste grupo esperam poder vir a ter algumas compensações.

Cada um dos componentes deste grupo de trabalho irá expor qual é para si essa compensação. Julgamos, porém, que a nota mínima para aqueles que decidirem não realizar os testes de mera mnemónica, ou a alternativa de um trabalho de pesquisa como aquele que o prof. Carlos Ventura requer nas suas aulas, pensamos que estará no espírito de todos.

Esta opção iria solucionar a mais problemática das situações que se vive neste curso e que é os alunos de letras terem que se defrontar com uma matéria alegadamente científica mas que é apenas uma salada de hiperespecializações contrariando o espírito e o objectivo holístico do curso.

Este nó górdio - das especializações e da holística - é que é preciso desatar com urgência e é para isso que este grupo se propõe trabalhar, embora saiba perfeitamente que se trata de uma escalada de Sísifo.

A esta dicotomia - «letras» versus «ciências» mas que é apenas «especialidades» versos «abordagem holística» - acrescentamos outra ainda mais importante: a dos alunos que preferem usar a memória e querem ter vintes, versus outro grupo de alunos que prefere progredir criadoramente no espírito do curso, embora seja apenas com 10.

Para resolver estes dois impasses - o das especializações contra a holística e o do espírito mnemónico contra o espírito criador - não é preciso esperar pelo ano 3000, ou seja, pela prevista remodelação.

A simples boa vontade de professores, conselho pedagógico e direcção da escola basta para ultrapassar este impasse que, além do mais, é o que impede que a esta escola acorram mais pessoas efectivamente interessadas no futuro holístico da medicina do que na medicina passada e ultrapassada para não dizer moribunda.

Porque já perceberam que é esta - a desta escola - a única medicina que tem futuro.

Se todos, incluindo conselho pedagógico, estão de acordo nisto, cumpre a quem manda encontrar, desde já, alternativas ao status quo, independentemente de quererem ou não acrescentar mais anos ao curso, mais matérias, mais especialidades, etc., etc.

Se o establishment (e o famoso regulamento!) é isso que quer, não é isso evidentemente que vai construir uma medicina que se define exactamente como alternativa ao sistema. ■