segunda-feira, 27 de outubro de 2008

BIBLIOTECA 2012

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LEITURAS DE ESTUDO: OS DEVORADORES DE CRONOS

É claro que não se chega a Deus pela leitura. Mas talvez se possa chegar pela desleitura ou seja, sabendo, de todo, o que não vale a pena ler. E quais são afinal os 100 volumes que, na Biblioteca 2012, transmitiriam ao futuro a sabedoria por inteiro.
Para já e enquanto não reconstituímos, peça a peça, a Biblioteca de Alexandria, vamos vendo e sabendo e comunicando uns aos outros, o que não vale a pena ler.
O que não vale a pena perder cronos a ler.


Lisboa, 23/Junho/1996 - Quando se chega ao momento de aconselhar leituras a um estudante de radiestesia holística, é preciso bastante cuidado para não cairmos na armadilha das bibliografias exaustivas, consagradas e de autores célebres.
Acima de tudo há que respeitar o tempo, o pouco tempo (cronos) de que um estudante dispõe para ler, como aliás quase todas as pessoas hoje em dia.
É preciso ser frontal, afirmando que a maior parte dos livros que pretendem abordar o sagrado - a que a ciência chama área quântica, para baralhar tudo ainda mais - mesmo os livros e autores de reputação científica e/ou universitária, são pura perda de tempo e dinheiro.
Há de tudo nessa imensa bibliografia: desde a pura fraude ao vazio completo, desde a erudição balofa e insignificante ao discurso prolixo e chato. A maior parte dos livros sobre a área sagrada das energias é uma pura ficção, especialmente os que mais se vangloriam de ser científicos. A invenção domina estes autores, dotados da melhor boa intenção em ensinar fabulosas ciências ao comum dos mortais.
A invenção domina, por exemplo, nos livros e autores que pretendem dar-nos lições sobre fases da iniciação, a que alguns chamam ritos de passagem; a arte de sonhar em que o sr. dr. Carlos Castañeda, trascrevendo de um D. Juan mais ou menos fictício (nunca se apurou bem se os livros de Castañeda são livros de um antropólogo, se pura e simples romance de cordel) é um dos casos mais conhecidos e populares. (*)
A taça do santo Graal, com intermináveis histórias de lenda e mistério sobre os cavaleiros da Távola Redonda e do Rei Artur, são apenas isso: histórias de conto e lenda para adormecer bebés, como aquela que o senhores Michael Baigent, Richard Leigh e Henry Lincoln. nos contam em «O Santo Graal e a Linhagem Sagrada»(*).
Se vamos, por exemplo, para os alegados testemunhos sobre a vida que há do outro lado da vida, o discurso é igualmente piedoso, reconfortante das almas e de boa fé, mas, no melhor dos casos, pura auto-sugestão dos cinco sentidos: as descrições do célebre corredor postmortem são apenas tradução imagética de um estado de consciência vibratória que, se existisse, estaria muito para além dos 5 sentidos e, portanto, dessas paisagens idílicas que são apenas produto dos mesmíssimos 5 sentido. É o caso de Raymond A. Moody Jr com os seus dois livros editados em português:- Reflexões Sobre a Vida depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa, 1981 e - Vida Depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa,

Uma telenovela da inesgotável cornucópia brasileira, pintava de cores românticas e líricas o outro lado, na piedosa intenção de mostrar que afinal a morte é libertação e serenidade. Como se do outro lado tivessem sentido palavras do ego emocional e sentimental como essas de paz, conforto, bem estar, felicidade, serenidade, etc.
Ao nível de telenovela estamos aliás bem servidos de elogios ao ego de cada um e de cada qual: o objectivo número um desse narcótico de massas, é mesmo reconfortar as pessoas na sua mediocridade e na sua estagnação.
As limitações da «mente» ao pensamento são mesmo notadas no livro do senhor Doutor Carlos Castañeda,«A Arte de Sonhar»(*), livro que, por sua vez, é um redutor desse mesmo pensamento até limites de inverosímil. Se as pessoas quando encetam um processo de iniciação, procuram plataformas de conforto e bem estar, estão evidentemente a pautar-se por parâmetros dos 5 sentidos e, portanto, estão pura e simplesmente a viver um processo de auto-engano.
Mesmo entre os radiestesistas encartados da nossa praça, o «sonho» e a «arte de sonhar» são muito explorados e enfatizados até ao ridículo. Devo confessar que tive um grande complexo de inferioridade, quando comecei a radiestesia, porque sonhava pouco e mal enquanto os meus colegas contavam sonhos maravilhosos que a radiestesia lhes produzia.
Sonhava eu que, com os progressos no trabalho com o pêndulo, viesse a sonhar muito e bem. Tem-me acontecido o contrário e ainda estou para saber se é progresso ou se é retrocesso. Não me lembro do que sonho, ou só raramente, e não posso portanto cultivar essa mitologia tão encantatória que os sonhadores natos cultivam. Com o beneplácito técnico, aliás, dos livros de Guillé, onde o sonho também é mostrado como um meio de maravilhas.
O sonho, quanto a mim, é apenas a forma espontânea de percorrer o oceano do inconsciente: e uma técnica como a da radiestesia holística, ensinando a percorrer esse oceano, vai dispensar, em parte, que o sonho tenha de fazer esse trabalho.
As vantagens «psicológicas» que se retiram do trabalho de radiestesia é um assunto muito perguntado pelas pessoas que pegam no pêndulo de radiestesia holística e começam este processo.
As melhores vantagens, creio eu, são indefiníveis. Porque se fossem definíveis não eram vantagens, eram sequência ainda dos cinco sentidos e dos respectivos egos e do omnipresente processo de auto-sugestão. Se há um pouco mais de claridade interior, não é, no entanto, nenhum daqueles deslumbramentos que é costume ver descritos nos livros de místicos e de extáticos.
Acho sinceramente que há muita literatura (a mais) à volta das fases de iniciação, se é que não é tudo literatura. E quando leio um livro de antropologia cultural como a obra coordenada por Jean Holm e John Bowker sobre «Ritos de Passagem» (*), assumo uma atitude um tanto ou quanto irónica, pois os rituais das várias religiões parecem-me apenas uma série de truques dos mestres, gurus e sacerdotes para ter nas mãos os neófitos e/ou iniciados.
A famosa «comunitas» de que fala o livro não é, afinal, outra coisa senão a egrégora, hoje em marcha desenfreada por tudo o que é movimento dito espiritual e grupo dito de iniciação. Mistérios e complicações, no meu entender, são apenas truques do poder sacerdotal e da autoridade religiosa para manter alienada a clientela e ter nas mãos os fiéis.
Quando a radiestesia holística proclama que cada um tem de ser mestre de si mesmo, está sublinhando isso mesmo: fugir das autoridades eclesiásticas e da armadilha das egrégoras, que incluem acções de parasitagem e vampirismo.
Se se vai para a bibliografia alegadamente científica, um livro de Óscar G. Quevedo, «O Poder da Mente na Cura e na Doença» (*), pode ser o melhor exemplo de quase 5 mil escudos atirados à rua. O primeiro capítulo é sobre o negócio de curandeiros mediúnicos. Mas a parapsicologia científica de Quevedo nunca vai além disso: um processo consecutivo de auto-sugestão e de auto-chantagem, ao nível dos enganos dos 5 sentidos e arredores.
Para quem se considera, com tanto ênfase, um cientista da parapsicologia, esta preocupação com os negócios dos curandeiros em geral e do Arigó em particular, é admirável. Mas extenuante.
Depois há aqueles livros – por exemplo, «As Medicinas Tradicionais Sagradas», de Claudine Breklet-Rueff, -- que têm alguns grãos de sabedoria aproveitáveis mas perdidos, misturados num monte de retórica e de superfluidades.
O prolixo (que se pode ler pró-lixo) também ocorre com uma grande frequência. Mas um caso que considero patético são dois livros sobre a Kaballah de uma sumidade em judaísmo, Gershom Scholem. São eles: «A Cabala e a Mística Judaica» (Ed. Dom Quixote) e «La Cábala y Su Simbolismo» (ed. Siglo XXI, Madrid). Mas também «La Cábala», de Alexandre Safran, é outra decepção(*). Muita parra e pouca uva. Longos e chatos, é o que é.
Francamente: há formas mais honestas de nos esportularem dinheiro mas principalmente de nos espoliarem daquilo que, em radiestesia, nos é mais precioso: o tempo (cronos) que não podemos perder no trabalho para a eternidade.
Os devoradores de Cronos são, de facto, verdadeiros assassinos de almas.
Valha-nos, no caso da Kaballah, um encontro feliz e compensador com três obras de ENEL - de leitura obrigatórias e preciosos auxiliares do estudo de radiestesia holística(*).
São de acrescentar na bibliografia de Étienne Guillé que, por acaso, até nem os cita, embora me pareça que não os ignora(*)
Para trabalho de testes, outra descoberta são os três livros de um português - José Nunes Carreira - que nem sonha, provavelmente, o serviço que está prestando aos estudantes da radiestesia holística. Aliás as chamadas, na universidade, civilizações pré-clássicas são um festival de boas informações sobre o sagrado e a sabedoria.
É claro que não se chega a Deus pela leitura. Mas talvez se possa chegar pela desleitura ou seja, sabendo, de todo, o que não vale a pena ler. E quais são afinal os 100 volumes que, na Biblioteca de Alexandria, transmitiam ao futuro a sabedora por inteiro.
Para já e enquanto não reconstituímos a Biblioteca de Alexandria, vamos vendo e sabendo e comunicando uns aos outros, o que não vale a pena ler.
O que não vale a pena perder cronos a ler.

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LEITURAS DE ESTUDO

Faz-se a seguir a listagem dos livros citados, destacando os que têm maior relevância para a disciplina de Psicologia: :

Alexandre Safran - La Cábala - Ed. Martinez Roca - Barcelona, 1976
Carlos Castañeda - Arte de Sonhar - PEA - Lisboa, 1993
Claudine Brelet-Rueff - As Medicinas Tradicionais Sagradas - edições 70 - Lisboa, 1978
ENEL - La Langue Sacrée - Ed. Maisonneuve - Paris, 1968
ENEL - Post Mortem - Ed. Omnium Littéraire - Paris, 1973
ENEL - Trilogie de la Rota - Ed. Dervy - Paris, 1993
Gershom Scholem - La Cábala y Su Simbolismo - Siglo Veintiuno Editores - 1992 (oitava edição em espanhol)
Gershom Scholem - A Cabala e a Mística Judaica - Publicações Dom Quixote - Lisboa, 1990 -
Jean Holm e John Bowker - Ritos de Passagem - PEA - Lisboa, 1994
José Nunes Carreira - Filosofia Antes dos Gregos - PEA - Lisboa, 1994
José Nunes Carreira - Mito, Mundo e Monoteísmo - PEA - Lisboa, 1994
Oscar G.-Quevedo - O Poder da Mente na Doença e na Cura - Edições Loyola - São Paulo, 1979
Raymond A. Moody Jr - Reflexões Sobre a Vida depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa, 1981
Raymond A. Moody Jr - Vida Depois da Vida - Ed. Bertrand - Lisboa,
Roy E. Peacock - Breve História da Eternidade- PEA - Lisboa, 1995

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