domingo, 26 de outubro de 2008

COSMOSOFIA 2012

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Revisão: domingo, 26 de Outubro de 2008

A CONSPIRAÇÃO CÓSMICA

16/Março/1997 - A consciência de que sem Alquimia não existe Magia, nem Astrosofia, nem Aritmosofia, nem Geometria Sagrada, nem Kaballah, nem Teurgia, nem nenhuma das 12 ciências sagradas, parece começar a emergir entre nós, depois de muitos anos em que toda a ênfase foi dada a coisas como a chamada Astrologia e a chamada Magia (negra, branca, às cores...).
Embora balbuciante e hesitante, essa consciência alquímica da Alquimia como ciência base da pirâmide da sabedoria, revela-se em manifestações e actividades que, no meio da balbúrdia e da confusão instaladas, nomeadamente nos meios de difusão pública, se vão triando como sinais verdadeiros da Nova e esplêndida Era do Aquário.
Há sinais de que os estudos herméticos - centro da «cebola sagrada» - começam a preocupar, finalmente, os que se movimentam ou dizem movimentar-se na área unificada (a que agora também se vai chamando área quântica para dar um toque de modernidade...) dos chamados esoterismos e das alegadas «ciências ocultas.»
O deboche a nível mediático, principalmente o que surge em publicações fasciculadas e em vídeos de origem madrilena, é visível a qualquer observador, mesmo desatento.
Sobre a qualidade e natureza dos estudos herméticos que, mais discretos, têm surgido, outros poderão falar e discutir. Ao noticiar o facto, na revista «Beija-Flor», apenas queremos noticiar o facto. Sem comentários nem críticas.
Para o bem a para mal, há cinco itens que no nosso entender merecem registo e destaque:
a) O livro de José Manuel Anes «Re-Criações Herméticas», de uma nova editora , a Hugin, que supomos de inspiração maçónica. O livro, aliás, para lá do valor intrínseco que possa ter ou não, possui o valor nobiliárquico que os imensos títulos honoríficos e cargos do autor lhe conferem;
b) O livro de Victor Mendanha, «Diálogos Filosóficos e Alquímicos», contributo jornalístico ao esclarecimento de algumas posições de «portugueses notáveis» (edição Pergaminho);
c) Um livro que já não é recente mas que só agora chegou ao nosso conhecimento «The Philosopher's Stone», de Michio Kushi e Edward Esko. Neste volume admirável, até pela concisão e discreto número de páginas, se compendiam as intuições (como sempre fulgurantes e como sempre geniais) de Michio Kushi sobre o fundo alquímico do taoísmo e da dialéctica yin-yang.
Já em 1982, Francisco Varatojo, nosso guru da macrobiótica, publicara no então ainda Instituto Kushi, um estudo interessantíssimo de Michio, entretanto e infelizmente abandonado pelo movimento macrobiótico português (referimo-nos ao estudo e ao próprio Michio). Pelos vistos, ainda não eram chegados os tempos de a Alquimia e o paradigma hermético se imporem ao colectivo nacional e universal...
d) A discreta reaparição, com um seminário ministrado por Vítor Quelhas, sobre técnicas respiratórias, de um grupo de estudos herméticos, mais discreto do que secreto, onde sabemos pontificarem pessoas de qualidade e das quais conhecemos 3 nomes que são garantia dessa qualidade: Vítor Quelhas, José Guardado Moreira e Carlos Pessoa. Curiosamente, três jornalistas, o que significa, talvez, que algo de novo e diferente pretende animar os degradados órgãos mediáticos, entregues às delícias do Virtual, da Internet e da ganhuça indiscriminada.
O referido Círculo de Hermes, assim se designa, constitui o núcleo promotor da Associação Hermes e foi fundado por estudantes do Hermetismo em 1992, em Lisboa. Nos folhetos de divulgação, aparece também nomeada uma Hermes Research Society, de que não se explica o como, o quê, o quem e o porquê.
e) Um projecto designado «Biblioteca para o Ano 2000», ligado a uma cooperativa de Ensino Superior para a criação, até ao ano 2000, de uma escola de ciências ditas esotéricas. O grupo promotor desta iniciativa prepara algumas actividades de lançamento do projecto. Que bem necessário se apresenta, num face à grande confusão de narizes que é hoje a área da prática e das ciências diferentes.
Qualquer destas 5 iniciativas tem, como objectivo último, restabelecer a lei ou ordem universal no meio da mais completa balda a que, nestes domínios, se assiste hoje no doce país português.
País onde tudo, à conta do nosso cantado ecumenismo, desagua, como se fôssemos eternamente os caixotes do lixo e os alvos predilectos de uma conspiração cósmica. Ou seja, tal como somos, a nível de detritos (venenosos e perigosos) da sociedade de consumo, a lixeira da Europa, também a nível de detritos ou lixos que restam da antiga era dos Peixes, seríamos nós os encarregados de receber toda essa ignomínia.
A revista «Beija«Flor» vai estar atenta e, procurando separar o trigo do joio, informar as pessoas em geral e os adeptos da Nova Idade de Ouro em particular, o que é afinal e o que não é, o que anda a fingir que anda mas não anda, o que anda a dizer que é em nome do santo espírito mas é apenas o último estertor de um materialismo milenar que teima em prevalecer.
O facto é que a polémica está instalada, queiram ou não os intervenientes.
Se a alquimia tem de ser primeiro alquimizada ou se dela se pode falar de cór com'ó papagaio;
Se alquimia é, congenitamente, uma ciência secreta - ou se é «exoterizável»;
Se existe uma, duas, três, quatro ou mais alquimias;
De que alquimia se fala quando se fala de alquimia (e cada vez se fala mais);
De que Hermes se fala quando se fala de hermetismo.
Os mais argutos percebem que revertem assim à origem da polémica, cujos termos dicotómicos se expressam, em sinais visíveis, no binário sagrado/profano.
A polémica do grande Manu e seus impostores volta às primeiras páginas da actualidade!
Que a confusão é grande no reino da Dinamarca , todos, incluindo o Hamlet, parecem admiti-lo, excepto os que beneficiam comercialmente dessa confusão.
Que se passam factos gravíssimos a nível de manipulação de energias (com as suas componentes de vampirismo, parasitagem e egrégora) parece também não escapar aos mais atentos.
Mas sobre esse surto viral de regressões, as opiniões dividem-de em 3 grandes grupos:
a) Os que dizem ser isso mais um (inócuo) sinal dos tempos de apocalipse e kali yuga e passam adiante como se não fosse nada com eles, pois «os mecanismos autoreguladores do cosmos irão repor a ordem» (santa ingenuidade);
b) Os que consideram a regressão em sentido total e consideram que, de facto, com essas e outras caminhamos às arrecuas , como o caranguejo, para a famosa Era do Aquário, para a ambicionada Nova Idade de Ouro;
c) Os que, não lavando as mãos como Pilatos, e sabendo que somos todos responsáveis por tudo - postulado da lei universal e da ordem cósmica - tentam introduzir no campo minado das ciências ditas esotéricas um princípio de inteligência, discernimento, seriedade e honestidade.
Que os órgãos mediáticos chamem Magia , uma das 12 ciências sagradas, às ilusões domingueiras do entertainer Luís de Matos, que a Astrosofia, com o nome de Astrologia, seja, nesses meios, uma reedição dos programas de exibição do jet-set, que, enfim, as 12 ciências sagradas estejam reduzidas a exibicionismos comerciais, tanto pode inquietar como deixar indiferentes os que, não alinhando na abjecção e no negócio, decidem voltar costas ou enfrentar de frente o animal.
Mas, no mínimo, convinha que inquietassem. Pois, mesmo os que não sabem, estão implicados no processo e nele tomam automaticamente posição.
Pensem nisso e até à próxima.
Bento Fernandes

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