COMO ENTRAR VIVO NO ANO 2000,
SEM PERDER O PÉ E NA POSIÇÃO VERTICAL
De uma proposta feita à Editora Bertrand, transcrevo alguns parágrafos do projecto:
Lisboa, 14/7/1994 - Faltam 1999 dias para o Ano 2000 e o tempo urge. Não podemos perder o pé nem um minuto do que nos resta deste «countdown» para a passagem da ponte...[?] Daí esta proposta algo insólita mas que me parece estar cheia de virtualidades. Nem sequer falta mercado publicitário: antes pelo contrário, os produtores de ecoalternativas lutam por encontrar um espaço mediático onde fazer passar os seus produtos. E não estou a falar dos detergentes que defendem o Ambiente ou dos frigoríficos que não contêm Clorofluorcarbonetos «transformando a terra num pequeno inferno»...
Curiosamente, quando redigia este pequeno memorandum, apareceu no jornal «Público», (10/6/1994) uma manchete sobre o ano 2000 e, no dia seguinte, no «Diário de Notícias», um artigo do Joaquim Letria, com a perspicácia tão conhecida desta conhecida star da televisão.
Trunfos com que conto para fazer vingar esta ideia do meu copyright:
- O meu «know how» nas coisas do maravilhoso, atestado pela leitura da colecção completa da Bertrand «Enigmas de Todos os Tempos», que ilustra a minha estante do maravilhoso, ao lado da colecção da revista «Planète» em 3 idiomas e de todas as colecções de livros que da «Planète» derivaram
- Uma arca antiga recheada de gravuras antigas, uma das minhas paixões que perduram, aliada a: a magia do-preto-e-branco, o naif e o Kitsch, um stock de contos, lendas e mitos, e livros de leitura da escola primária de há um século
- Uma colecção quase completa do Almanaque Bertrand, religiosamente coleccionado e que vai desde 1900 até 1961 (Destes 62 almanaques Bertrand tenho 46 e gostava de saber se vale a pena ir comprar já os que faltam onde sei que os há)
- Um stock de 30 mil postais antigos, background que suponho muito adequado para inspirar e enquadrar a encenação gráfica do futuro Novo Almanaque Bertrand, notícias da Nova Idade de Ouro
- O que resta - muito refinado - da Biblioteca Para os Tempos Difíceis, que foi predominantemente ecológica ( ecos de antes da catástrofe) e que agora é predominantemente pós catástrofe, ou seja: o que importa é (ensinar a) fazer, pensar e ser para a sobrevivência no Ano 2000. Antes da tal torradeira que se anuncia nos transformar a todos num torresmo.
Independentemente dos balanços que o Planeta vai dar até lá, há que ser optimista, mesmo hipocritamente optimista. Em vez da má notícia sistemática da crise, em que até agora como jornalista tive que me especializar, quero especializar-me na boa notícia do pós-crise, em que tenho adquirido algum know how até agora inaproveitado
- O facto de pertencer a um dos grupos franceses de pesquisa do 3º Milénio, citados por Fernando Dacosta (que cita Almerindo Lessa) no jornal «Público»( 10/6/1994). Ainda que por razões óbvias, não possa dizer de que grupo se trata, posso no entanto garantir que nada tem a ver com seitas milenaristas de ordem religiosa e que se trata de um grupo de pesquisa obedecendo estritamente à disciplina científica.
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