quarta-feira, 29 de outubro de 2008

HORIZONTE 2012

1-1 - 4096 bytes antess-72-ds-ie > os dossiês do silêncio - um inédito de 1972

O PRINCÍPIO DO FIM

19/8/1997 - Algumas palavras-chave do posterior movimento ecológico, já se encontram neste texto escrito em Dezembro de 1972 : «fim da História», «destruição da espécie», «civilização do esperdício», «apocalipse», «mito do eterno crescimento», «mito do átomo pacífico», etc.
As bombas de Hiroxima e Nagasaki ajudaram a compreender a capacidade auto-destrutiva desta civilização e a sua indissociável unidade. Ajudaram a definir o território da Abjecção como sistema, estrutura, establishment.
Se não contribuíram imediatamente para uma autocrítica, tornaram óbvio o «fim da história» e ao alcance da mão a destruição da espécie.
Isso ajudou a tornar o globo uma bola cada vez mais pequena e, nesse globo, a civilização do desperdício como o detonador dessa destruição.
Com o apocalipse à vista, com o futuro a prazo, com a hipótese cada vez mais plausível da sua finitude, os mitos do «eterno progresso» e do «eterno crescimento» sofreram, como tudo o que é eterno, os primeiros safanões com as bombas de 1945.
Depois dessa data, os jornais não deixaram de noticiar os efeitos a longo prazo das radiações na atmosfera. Não só as que eram sequela das bombas, mas as que em países «pacíficos» se verificavam. Criou-se mesmo a expressão-slogan «átomos para a paz». Em 21 de Abril de 1959, a France Press anunciava : «O Estrôncio radioactivo nos ossos das crianças americanas duplicou durante o ano de 1957.»
O mais curioso é que o uso do chamado «átomo pacífico» passou ao número dos hábitos ou mitos bons que acalentam o sono desta civilização. E não faltaram folhetos, reportagens, dossiês recheados de fotografias, a demonstrar que o átomo serve para tudo e é bom para tudo.
Para irradiar alimentos, por exemplo. Graças a uma campanha bem orquestrada - como são sempre as campanhas auto-apologéticas da indústria - a opinião pública encontra-se hoje «convencida» dos benefícios que pode colher do tal «átomo pacífico», mesmo que lho sirvam à mesa. Como se encontra convencida de tantos outros «benefícios», de tantos outros produtos que (simplesmente) matam.
Quer dizer e seguindo o circuito habitual destas coisas: sendo um dos primeiros alarmes que puseram de sobreaviso os mais prevenidos, o átomo acaba por ser reabilitado, recuperado, absorvido.
É de supor que o mesmo venha a acontecer com muitos outros malefícios que, pela magia da publicidade, se transformam em cornucópias de salutares benefícios atirados, como flores, sobre a cabecinha tonta da humanidade.
Cabecinhas a que regularmente se aplica uma salutar lavagem de cérebro.
O uso dos raios X é uma derivante clássica dessa mentalização ou lavagem de cérebro e uma coisa que já toda a gente aceita, por muito que os próprios técnicos da especialidade demonstrem (no papel) a gravidade de tal uso.
A própria O.M.S., sempre na vanguarda dos grandes empreendimentos, tem dado a conhecer os inconvenientes do emprego sistemático dos raios X e das repercussões que podem esperar-se deles sob o ponto de vista genético: as radiações ionizantes afectam as células reprodutoras.

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