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LINHAS DE FORÇA EM 1968:6 ANOS ANTES DO 25 DE ABRIL
28/Julho/1997 - Em 1968, ainda não se falava de Ecologia mas eram algumas ideias ou linhas de força que mais tarde iriam fundamentar o movimento ecológico que apareciam nos textos, até agora inéditos, que a seguir se apresentam.
À volta de Março de 1968, a «atmosfera» mitológica, por exemplo, já era dada como génese ambiental da neurose contemporânea. São assim, há 30 anos, as primeiras páginas sobre «Ecologia da Doença».
A noção de heresia aparecia associada a um esforço «higiénico» e /ou saudável de contrariar a doença, imunizando-nos contra ela.
A avalanche de dados era já outra obsessão bem como os «idola tribu» da ciência transformada em religião do nosso tempo.
Finalmente, o «banco de dados» sobre o fundamental que já na altura se reivindicava como urgente, permanece submerso em retórica de elogio à informática, que continua apenas ao serviço do sistema e da sua própria auto-reprodução.
Tudo isto, como se vê, são teses que, em 30 anos, permanecem «virgens» sem ninguém que lhes atribua importância ecológica. No entanto, sublinham, indiscutivelmente, factores ambientais determinantes que formam e conformam o ser vivo, nomeadamente o ser humano.
Se não lhe chamarmos ecologia, como vamos chamar-lhe?
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OS TEXTOS DE 1968/ POETA RECUPERA METAFÍSICA
A Ciência, usurpando cada vez mais e maiores zonas do humano social, a este circunscreveu o homem, deixando em descrédito e pondo a ridículo, pelo golpe positivista, a metafísica tradicional.
Mas o homem de espírito religioso continuava tão ou mais repugnado do que os espíritos positivistas, com as arlequinadas da metafísica e dos profissionais da metafísica.
O Poeta apercebeu-se então de que lhe competia substituir no coração do homem a satisfação da necessidade religiosa que os metafísicos profissionais e as igrejas instituídas já não satisfaziam, se é que alguma vez satisfizeram.
Se o Poeta contava, desde sempre, com a aversão do homem positivista, ela recrudesceu ao investir-se o Poeta da missão de mediador entre o homem e um absoluto.
Quando a metafísica oficial e canónica, dogmática e oracular caiu em descrédito, a (literatura que é) poesia, sempre pronta a sintonizar os mais profundos movimentos do humano, satisfazia, no «animal metafísico» que é o homem, a necessidade de criar formas míticas evoluídas.
A ciência julgara matar o que a (literatura enquanto) poesia ressuscitava. Substituindo a lógica dos sistemas, a sistemática das filosofias, a didáctica das dialécticas, a (literatura enquanto) poesia, instaurava, sobre a civilização técnica, positivista e racionalista, a civilização ou religião da liberdade.
PROSPECTIVA: ORGANIZAR O CÁOS DA INFORMAÇÃO
Organizar o caos - eis o que se propõe a Prospectiva relativamente a um dos factos mais dolorosos do mundo actual: a inflação de factos e a submersão ou atrofia a que o pensamento fica sujeito sob a sua avalanche.
Lançar a luz sobre o caminho atulhado de notícias acumuladas hoje e logo mortas amanhã, seleccionar, hierarquizar, separar e acumular o que não serve do que ao futuro (amanhã, depois de amanhã) de facto importa, eis a função base da Prospectiva no campo da informação.
O CAOS DOS FACTOS BRUTOS
Os factos, só por si, entregues à inércia que os atira uns contra os outros, transcritos em telegramas noticiosos pelos telex das agências, chocam-se e contraditam-se, são consumidos sem crítica nem reflexão.
E os mitos proliferam. E os conceitos errados com eles. O fetichismo do nome e do número, do dado concreto, do número estatístico conduz a uma ditadura e preguiça mental que anula a função elaboradora da inteligência que é pensar a notícia, o evento, o facto.
Sem ideias, na barafunda das informações que se sucedem e sobrepõem, só o cáos. O cáos dos factos brutos.
A CIÊNCIA BRUTA
Também a ciência, sem autonomia, sem liberdade dos seus criadores, sem independência contra preconceitos e convenções de escola, se transforma, breve, numa força reaccionária e anti-progressista. Tal como a Informação através da Imprensa, tal como a Informação através da Escola, a Ciência, se depender de forças alheias e dever obediência a suspeitos interesses, nega-se, trai-se, corrompe-se.
É ver como os que se dizem cientistas ou de formação científica denunciam, principalmente na terminologia que usam, no critério que usam, nos objectivos para onde apontam, preconceitos anti-científicos, irracionais, religiosos, herdados de antigas inquisições e escolásticas, como os seus conceitos são preconceitos, os seus juízos (pretensamente críticos, objectivos, experimentais) e os mitos campeiam nos seus meios.
No capítulo do comportamento alheio, usam, tal como os antigos inquisidores, os mesmos preconceitos com o ar de conceitos: a noção de «pecado», por exemplo, embora com nomes diferentes, anda ainda hoje em muitos textos «científicos» de considerados cientistas, quando o pecado não é mais , na sua explicação racional, do que doença, hábito ou feitio.
O matreiro, a brejeirice, o juízo moral em matéria de facto, usam-se ainda hoje pelos que se julgam isentos.
Quanto a ídolos, aceitaram os feitos do Dr. Barnard baseados nos preconceitos da escolástica médica; revolução, progresso, avanço, vanguarda, em medicina, como no resto, opõem-se às Academias, universidades, instituições esclerosadas e defendidas pela inércia da sua estupidez, pela estupidez da sua (pretensa) sapiência, pela inércia da sua estupidez;
Todos os que acreditamos na ciência, devíamos saber que nas instituições residem os seus primeiros e principais inimigos: na escola e nas escolásticas que cria, os principais obstáculos ao progresso social, político, moral ou científico. No fundo, o ensinamento maior dos tempos modernos e o conceito radical de progresso vai sempre enraizar na intérmina polémica: escola contra progresso.
DOENÇA MENTAL ESTÁ NO AMBIENTE
Quando se fala de felicidade, seria mais correcto falar-se de saúde mental numa dada cultura, sociedade ou época.
E ao considerar a saúde mental na nossa cultura, sociedade e época (do nosso mundo) há que ter em contra três ordens de factores que a condicionam e condicionam portanto a tão discutida felicidade:
1 - Os mitos menores alimentados pela máquina de propaganda, o noticiário nacional e internacional, os títulos, a histeria provocada e permanente das grandes imprensas ao serviço das grandes empresas ao serviço dos grandes capitais particulares ou do Estado, mitos que nos invadem pela rádio, pela imprensa, pela televisão, pelo cinema, pelo livro, pela revista, etc.
2 - Para envenenamento da atmosfera respirável não contribuem apenas os mitos. Mais reais, menos visíveis e espectaculares, as poeiras radioactivas, a poluição da atmosfera pelos resíduos da carburação, o ruído - são outros tantos factores que condicionam e conformam o homem da nossa cultura, da nossa sociedade, da nossa época.
3 - E só depois de ter em conta ambas estas ordens de factores, estaremos autorizados a ser juízes e críticos do comportamento «moral» dos homens: crimes, suicídios, alcoolismo, etc., manifestações afinal de resistência às condições de inabitabilidade do Planeta.
HERESIA E ORTODOXIAS
Dentro de qualquer ordem estabelecida, a heresia é a única viabilidade de não deixar estagnar essa ordem no seu próprio imobilismo, nos dogmas e lugares comuns da sua ortodoxia.
Certo disto, limito-me a deixar algumas afirmações de carácter mais ou menos herético para a medicina oficial vigente.
Sem intuito de atacar, só me move o propósito de, pela heresia, permitir que essa prática progrida. Pela heterodoxia é que as ortodoxias progridem.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
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