1-4-biblioteca1 - diário de um idiota - o dos projectos – inédito ac de 1981?
BIBLIOTECA PARA OS TEMPOS DIFÍCEIS:7 PONTOS EM SINAL DE LUTO
1981? - Há anos que contacto entidades culturais no sentido de pôr ao serviço do público uma Biblioteca de Artes e Ofícios para a Auto-Suficiência, de tecnologias artesanais e radicais, de apoio e ajuda para os tempos difíceis que nos dizem estar a chegar, uma biblioteca para os que querem, em comunidade, fundar as raízes do Mundo Novo.
Há anos.
Será porque não perceberam ainda que as Eco-Alternativas são a Vanguarda e a Revolução?
É que - sejamos justos e reconheçamos que há entre eles "alguns inteligentes" - uma biblioteca à semelhança da que Valentina Borremans e Ivan Illich dinamizaram em Cuernavaca, não interessa mesmo nada ao sistema, aqui.
A verdadeira cultura é perigosa para o sistema actual. Não interessa incentivar a revolução das alternativas, que inevitavelmente poriam a nu o Sistema.
Sistema que se julga definitivamente instalado enquanto nos vai assustando com a catástrofe da próxima crise petrolífera.
Já lá vão sete anos de prometida crise e até agora a única catástrofe e a única revolução foi aumentar preços.
A medida mais genial que até hoje as maiores cerebrações da energia conseguiram levar a cabo para fazer face à catástrofe prometida.
BIBLIOTECA DE TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS: ALGUMAS CARTAS QUE ESCREVI PEDINDO APOIO
1
Quanto ao projecto " Biblioteca-Centro de Documentação Ecológica de apoio às escolas e População em geral" (...) uma biblioteca de resposta às perguntas e necessidades dos estudiosos em temas ecológicos e afins.
"Para fins de extensão rural, uma experiência-piloto para as pessoas que queiram fazer a transição Cidade-Campo, esse material pedagógico parece-me um princípio interessante .
"Tenho falado com amigos de Estremoz e Borba que encaram com simpatia a ideia de se lançar no Alto Alentejo, sob a forma "campo de férias" ou estágio-curso de Verão", um Centro de Práticas de Vida Rural, na perspectiva da Moral Eco-Energética...
" Centro que serviria de ponte aos que querem passar da cidade para o campo mas também de apoio dinamizador às populações residentes na área."
Carta ao prof. José Gomes Guerreiro (Lisboa), 20/Novembro/1978
2
" Trata-se do Centro-Biblioteca de Ecologia.
Não é muito mas é, no campo da divulgação ecológica, o princípio do que poderia vir a constituir um serviço (de utilidade pública) de documentação capaz de satisfazer as actuais necessidades de escolas, professores, alunos, órgãos de comunicação social e público em geral.
" Inclui: livros (uns 3 a 4 mil) recortes de imprensa ( 5 a 6 mil) mapas e cartas ( meia centena) revistas especializadas (10 a 15 títulos em colecções mais ou menos completas) folhetos e opúsculos temáticos (500 a 600) slides ( 200) dossiês temáticos com material inédito traduzido e pronto a editar (75 a 100)
" Não é tudo e não é muito, mas é um embrião que permitiria, desde já, responder às perguntas que, no campo da informação ecológica, as escolas, alunos, professores, órgãos de Comunicação Social e público começam a fazer.
" Para ficar pronto a responder, o Centro-Biblioteca necessitaria 3 condições sine qua non
- casa/sala; - foto-copiador; poder eu, Afonso Cautela, como bibliotecário funcionário do Centro-Biblioteca angariar o meu ganha-pão .
"Onde quer que estivesse, o Centro-Biblioteca de Ecologia e Resposta poderia coordenar e incentivar actividades de animação ecológica, ..."
Carta a Prof. José Gomes Guerreiro (Lisboa), 5/Outubro/1978
3
"Apenas o voto de que a colecção sonhada prossiga "para benefício de todos os seres" e de que a Editorial Centelha se lançasse , neste ano de entrada no Aquário, numa publicação periódica aberta ao verde da ecologia mais de vanguarda até á Tradição Primordial que vem dos deuses astronautas.
TERRA DO SOL, ATENÇÃO AO VERDE, UNIVERSO, ARCA DA ALIANÇA, eis títulos possíveis do jornal e... da colecção sonhada."
Carta a José Machado Lopes (Coimbra) , Janeiro de 1978
4
" A AGUA DO BANHO COM O BEBÉ LÁ DENTRO"
" Tudo indica que poderá o dito M.E.P. ser uma força e plataforma unitária que (nos tempos dificeis que para a Esquerda se avizinham) possa fazer um certo estilo de política que pareça Ecologia e fazer um certo estilo de Ecologia que não pareça Política.
Carta a José Machado Lopes (Coimbra), 6/Fevereiro/1978
5
“O que eu quero, é ver-me livre desta bagagem, deste empecilho chamado MEP e nunca mais ter que lastimar as energias lá afogadas. 0 que eu quero é largar o lastro, antes de ir ao fundo e para que nem tudo se afunde . Como sei, no entanto, que energias dessas, concentradas dessa maneira, ninguém as quer nem dadas, usei o estratagema de alguns valores materiais. Usei a cobiçante lombada de alguns livrecos.
Carta a José Machado Lopes (Coimbra) , 9/Fevereiro/1980
6
" Não se poderia pensar num projecto tipo MEP ? Um projecto de Fundação Ivan Illich em que, definitivamente, o tal património ficasse desde inicio, a ser administrado por um núcleo de pessoas que seriam, definitivamente, os fundadores do Movimento Ecológico Português, ou do Partido Radical Ecológico, se, enfim, as pessoas gostassem mais dele partido: penso, claro, nos mais fixes da Centelha, nos mais fixes do Barão de São João, nos mais fixes da “Pirâmide" , nos mais fixes de Évora, no mais fixe do Montijo, enfim, os fundadores mesmo que o merecessem ser (a gente sabe quem são, deixemo-nos de cerimónias) e que definitivamente o fossem, o preto no branco, com escritura e tudo (deixemo-nos de purezas anti-burocráticas).
Carta a José Machado Lopes (Coimbra) , 8/Fevereiro/1978
7
"O MUNDO ESTA POR HORAS E TALVEZ NÃO VALHA A PENA NERVOSISMOS"
"Agora, uma pequena confidência: sabes que fui ao longo dos anos (e hoje vejo quão erradamente) acumulando um único tipo de fortuna: uma biblioteca a que chamei "dos tempos difíceis" e que é o mais vasto conjunto de documentação ecológica e alternativas existente por estas paragens.
"Estou num impasse: os últimos tempos tenho andado obcecado a descobrir o lugar mais indicado para colocar essa Biblioteca e torná-la minimamente útil, quer dizer, funcional.
" Se nos teus planos para o Barão algum dia se puder inserir uma sala com o património documental que refiro, seria um assunto para se pensar com mais tempo e calma.
" É um desabafo que deixo à tua amizade e discreção. O Mundo está por horas e talvez não valha a pensa nervosismos . Aguardemos, com calma, o fim dos tempos...”
Carta a D. S., 3 de Agosto de 1979
8
"TEMAS DE ECOLOGIA, HOJE OBRIGATÓRIOS NO ENSINO..."
"Numerosa documentação para consulta e divulgação entre os interessados, quer em livros (centenas), quer em recortes de Imprensa (milhares), quer em opúsculos e folhetos raros, quer em slides (dezenas), quer em artigos traduzidos de revistas especializadas, quer em edições do grupo coordenador "Frente Ecológica",
" Encontra-se na disposição de colocar todo esse material, até agora privado, ao serviço da comunidade, desde que lhe sejam facultadas as estruturas mínimas indispensáveis: uma sala, estantes e material de escritório suficiente para o expediente de biblioteca com os consulentes.
" Este "Centro de Documentação Ecológica" iria responder, fundamentalmente, a dois requisitos: a) Servir de apoio didáctico ao "Curso-Piloto de Ecologia Prática; b) Ficar aberto, em horário a combinar, a todos os que, adultos e jovens, estudantes e não estudantes, procuram o Movimento Ecológico e o Grupo Coordenador, para obterem documentação sobre temas de Ecologia, hoje obrigatórios em muitos estabelecimentos de ensino básico, secundário e universitário."
Relatório de 1976■
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário