sexta-feira, 3 de outubro de 2008

ALEXANDRIA 2012

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A BIBLIOTECA DOS 10% OU O PROJECTO «ALEXANDRIA 2000»

Esta mensagem era necessária para o vogal da direcção da Salva, para o director do departamento de actividades culturais não tem nada de pessoal.

Meu Caro :
Lisboa, 22 de Julho de 2000 - Agradeço a oportunidade que me dás de explicar o que penso hoje, em 21 de Julho de 2000, sobre o valor dos livros e o que podem eles representar no caminho do conhecimento ou, mais correctamente, do nosso auto-conhecimento, da nossa auto-gnose.
Compartilho o teu juvenil fundamentalismo dos 10% e até reduzo para 5% a percentagem aproveitável na bibliografia mundial. Mas com algumas emendas, que a experiência dos meus 66 anos aconselha. A velhice não é posto mas pode e deve moderar um pouco os ímpetos fundamentalistas da juventude.
«O silêncio é tudo, a palavra nada.» - diziam, creio, os fundamentalistas do TAO, fase pela qual já passei - quando li dezenas de livros sobre Zen ... - como tu estás passando neste momento.
Fundamentalismo de sinal contrário é o culto religioso do livro pelo livro, ilustrado no filme interessante de François Truffaut «Fahrenheit 451»(1966), alegoria futurista sobre uma ditadura que mandava queimar todos os livros incómodos.
As agruras da vida e as mitologias modernas do progresso tecnológico levam-me a introduzir nestes dois fundamentalismos - os que cultuam o livro e os que querem queimá-los todos - uma pequena variante moderadora: o silêncio é quase tudo, a palavra quase nada. Creio que com o «quase» fica tudo mais taoísta, mais de acordo com a relatividade do mundo e da nossa condição de seres incarnados.
Como não somos espíritos puros, por enquanto, é esta consciência de sermos seres incarnados que relativiza os fundamentalismos de um lado e de outro.
A questão dos livros e dos 10% mexe também com a atitude a manter hoje, em relação à globalização informática e informacional. Torna mais urgente saber o que é informação , a verdadeira bioinformação e obriga a distinguir o essencial do acessório. Eu diria que temos de meter na Internet exactamente o site que lá falta: bioinformação e história do sagrado.
Quando, no nosso encontro de 4ª feira, o Francisco falou de inteligência (em sentido lato) parece-me que tocou em outro conceito-chave da bio-informação. Penso que por aí - pela bioinformação - se orientará o próximo futuro do conhecimento (do nosso auto-conhecimento), a que com mais propriedade chamaremos gnose, porque teoria e prática serão inseparáveis, indissociáveis.
Ao método de Etienne Guillé - onde teoria e prática são indissociáveis - chamei eu gnose vibratória, o que, entre outras vantagens, vem corrigir o reducionismo que a palavra radiestesia (mesmo holística como eu a baptizei) introduz na imagem exterior do método e trabalho quânticos de Etienne Guillé.
Num mundo de globalização mediática e de histerias tecnológicas - que transformam os meios em fins - , os livros são, apesar de tudo, apesar da sua perecibilidade e relatividade, um ponto de referência. Não são a grande esfinge do deserto de Gizeh, mas são a referência possível desta civilização de papel, morte e ruína.
A reconstituição da biblioteca de Alexandria, por aproximações profanas sucessivas ao sagrado, é um projecto polarizador de que, até ver, eu não desisto. Se tivermos que pedir ajuda à ciência ordinária para poder reconstituir o quadro das 12 ciências sagradas, porque não o faremos? Eu faço.
Autores modernos são uma ajuda inestimável para reconstituir o puzzle da sabedoria primordial: são uma ajuda à ponte entre ciências sagradas e ciências profanas, e terão que ser incluídos nos 10% a salvar de todo o lixo livresco.
A começar em Flávio Zanatta - química & alquimia - a lista de profetas ou clássicos do século XXI que constam da minha bibliotecazinha de Alexandria , na Rua Dionísio dos Santos, pode ir sendo acrescentada de mais alguns nomes, que a nova geração, que queira fazer a ponte da gnose vibratória, irá ter em atenção, se quiser dar o salto para a II Idade de Ouro ou novo paradigma cósmico.
Nomes de ponte na bibliotecazinha do Gato (assinalando com * os que são oriundos da ciência profana) :
Flávio Zanatta *
Etienne Guillé *
Michio Kushi
Jorge Oshawa
Rudolfo Steiner
René Guénon
Fritjof Capra *
Teilhard de Chardin *
Louis von Bertalanffy *
Rupert Sheldrake *
Paul Chauchard *
Carl Jung *
Stanislav Grof *
Maria-Louise von Franz *
Mircea Eliade *
Helena Petrovna Blavtasky
Julius Evola
Georges Lakhovsky *
Alexis Carrell
Jean Baudrillard

Num projecto de «reconstituição» da biblioteca de Alexandria (a que chamei «Biblioteca de Alexandria 2000») não se pode esquecer o contributo dos chamados textos sagrados e/ou sagradas escrituras, desde «O Livro do Imperador Amarelo» até ao «Livro do Esplendor» e aos chamados livros dos mortos do Tibete, Egipto e Maias. Se quiséssemos reduzir os 10% a 1% teríamos, por exemplo, os 3 livros dos mortos, que é tudo o que se aproveita da bibliografia universal...
O sentido do meu legado bibliófilo (cruz que tu já parcialmente ajudaste a carregar e Deus te compensará por isso...) , é apenas regido pela máxima do grande filósofo: «gratidão, oxigénio da alma.». O mesmo princípio inspira a pequena videoteca e a pequena discoteca.
Esta mensagem era necessária para o vogal da direcção da Salva, para o director do departamento de actividades Culturais e, como vês, tem e não tem nada de pessoal.
Da minha parte, o fundamentalismo seria eu querer impor urbi et orbi o que para mim é claro à luz da gnose vibratória: há mais informação (essencial) na linguagem das árvores, das flores e dos gatos, e na linguagem dos símbolos sagrados, do que na linguagem (falada e escrita) comum. Mas se esse fundamentalismo é uma linha-chave para quem queira pesquisar as medicinas vibratórias e as ciências da sagrado, seria abusivo impô-lo desde já a toda a gente, a todo o mundo. Uma coisa é a elite (ou colégio) de iniciados e/ou monges. Outra coisa são as pessoas que apesar de tudo carregam (ainda) o fardo da ignorância e da solidão humana.
Permito-me terminar esta minha missiva , juntando, em anexo, os files de computador que à volta do projecto Alexandria 2000 (Biblioteca do Mistério e do Maravilhoso) foram sendo teclados para não esquecer pontos e pistas de referência no meu percurso pessoal em demanda do Graal ou Próximo Paradigma Cósmico.
E já agora uma sugestão de amigo, a propósito das tuas inteligentes e pertinentes intervenções no grupo de radiestesia: se aliares a tua luciferina (mefistofélica) inteligência à inteligência divina do coração, serás um génio.
Abel Campos Artigot ■

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