sexta-feira, 17 de outubro de 2008

MANIFESTO 2012

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Biblioteca dos Tempos Difíceis/ UMA CENTRAL DE CONTRA-INFORMAÇÃO

PROPOSTA DE TRABALHO

15/4/1978 - Em Maio de 1978 da Era cristã no Planeta Terra, Terceiro do Sistema Solar, a principal linha de clivagem parece ser esta:

de um lado os que estão atentos aos sinais da Mudança, às derrapagens do Apocalipse, à Era do Aquário que desponta e desperta;

do outro lado, os que permanecem estáticos, alheios, cegos e surdos ao movimento incessante da mutação e transmutação;

de um lado, aquele onde nos encontramos, os que descreram das soluções e saídas à crise propostas pela mesma mentalidade dualista que engendrou a crise;

do outro lado os que continuam empenhados em multiplicar a violência com a violência propondo como solução para as monstruosidades e absurdos, absurdos e monstruosidades cada vez maiores;

de um lado, o nosso, os que sentem a necessidade de abandonar evolutivamente as tecnologias pesadas, as energias hiperpoluentes, as metafísicas sem saída, as religiões esclerosadas, os grandes sistemas destruidores dos ecossistemas; os que constroem, criadoramente„ o mundo pós-diluviano das alternativas ecológicas;

do outro lado os que procuram as reformas dentro desses sistemas gigantescos e cada vez mais incontroláveis - dentro dos sub-sistemas que são a energia, a agricultura, a economia, a educação, a medicina, a ciência e a tecnologia tal como têm existido na civilização dualista;

de um lado, o nosso, os que falam de uma revolução profunda e radical que todas as revoluções de carácter puramente económico, político e social são apenas reformas parciais e epidérmicas;

do outro lado, os conservadores, reaccionários e revolucionários reformistas que nunca põem o problema de mudar a vida e a qualidade de vida;

de um lado, o deles, os que propõem, por exemplo, emendas à cidade, zonas verdes contra a asfixia urbana, pensos no cancro do gigantismo;

do outro lado, o nosso, os que dizem não à cidade e fundam, no campo, sob a forma de comunidades neo-tribais, as raízes de uma outra civilização.


É o momento parece, de não ignorar mais tempo esta linha de clivagem, ou deixar que outras se lhe sobreponham: regra geral, a antinomia hoje proposta - com ar de dilema - é urbi et orbi "capitalismo ou comunismo": talvez que urna terceira via, específica do Terceiro Mundo, corresponda a um tipo de descolonização ou revolução cultural que importa aos homens e povos humilhados por todo o tipo de imperialismo cultural que hoje disputa o poder exclusivo sobre todos os seres vivos e ecossistemas.

Neste Terceira Mundo incluem-se os homens e povos "colonizados" mas também os outros seres escravizados da História: animais, plantas, pedras, culturas originais, florestas, rios, mares, lagos, montanhas; um neo-franciscanismo será, neste momento, uma das dominantes ideológicas de Mudança,

É o momento, parece, da vanguarda ou elite desta Revolução Cultural assumir a sua própria vocação histórica e as suas responsabilidades.

É o momento, parece, de marcar posição e manifestar um programa de trabalho, criar um núcleo dinamizador, definir o campo de acção.

Para os tempos difíceis do Mundo Pós-diluviano, dois pontos parecem desde já fulcrais:

a)Os problemas que neste momento apresentam prioridade não são os de luta ao da linha contrária, são os da própria Revolução Cultural enquanto vanguarda histórica que se procura; os problemas são internos a esta vanguarda, são de autocrítica e autognose, são de balanço a desvios, sofismas, erros, que a própria vanguarda pratica;

b) É no campo de Contra-Informação que parece residir neste momento a contradição mais aguda: de facto, a Informação que alinha pelas ilusões e mentiras do Establishment, pelo sistema e seus subsistemas, pelas regras do jogo dualista, é cega, venal, insensível, desatenta, monótona, bairrista, provinciana; relatando, sem consciência deles, os próprios factos que são sinal dos tempos a vir, a informação dominante é totalmente cega a esses sinais e surda às "trombetas da Apocalipse"; não só porque se encontra vendida ou comprometida aos interesses ou poderes do capital, do partido, da classe, da empresa, do produto, disto ou daquilo, mas porque a própria essência desta Desinformação é ser insensível, amorfa, imediatista, anedótica, alheia aos murmúrios do Tempo que Chega, da aurora que desponta, da grande Mudança que se acelera.


Eis o facto: para construir a Arca da Mudança, e lançar as raízes do Mundo pós-diluviano, nós escolhemos este papel e esta função entre outras possíveis, necessárias. Considerando que a informação dominante não serve e de que não é possível construir sem, a partir de zero, reconstruir a Ciência Original ou Iniciática, os que alinham hoje no amanhã vão procurar, a partir do mais remoto Ontem, fundar uma Central de Contra-Informação Ecológica para o Tempo de Mudança.

Para nós, essa Contra-Informação é um dos alicerces do Mundo Alternativo a construir; mas é a consciência cada vez mais clara do tempo apocalíptico em que nos encontramos. Apocalipse do qual a crise ecológica não é a única mas é a encruzilhada polarizadora, se queremos partir de premissas realistas.

Irrealismo de estéril fantasmagoria é o dos "espiritualistas" que dizem alinhar no tempo futuro, sem no entanto estar conscientes das contradições presentes para as ultrapassar: esta uma das muitas questões polémicas a debater internamente entre os Mágicos do Despertar.

Concretizando, trata-se de fundar um Centro de Informação e Alternativas Ecológicas ao Mundo Moribundo do Apocalipse.

Acontece que esse centro de Informação vem, com alguma paciência e angústia, com muita incerteza e solidão, a ser montado em termos bastante artesanais e precários, há já uns anos.

Existe um embrião desse Central Contra-Informativa e algum património material.

Existe um fundo de edições pobres, subdesenvolvidas, terceiro mundistas no campo da Ecologia e da Contra-Cultura ou descolonização Cultural.

Existem milhares de artigos traduzidos e dactilografados para eventual reprodução ao stencil,

Existem artigos em revistas para elaborar fichas que estejam constantemente à disposição e ao alcance dos náufragos que delas necessitem quando procuram as novas praias do futuro e querem uma carta geográfica do Desconhecido.

Existem livros salvos do "dilúvio" que, no conjunto, fazem um autêntico Manual dos Tempos Difíceis, livros que convém salvar como Camões salvou Os Lusíadas: nadando.

Trata-se agora de:

Ampliar e fomentar o que é apenas um em embrião;

Tornar obra colectiva o que tem sido até agora esforço individual;

Intensificar o desenvolvimento de todas as ramificações que este embrião representa;

Encontrar a fórmula institucional que incorpore esse património já existente, o administre e o desenvolva;

Elaborar centenas de fichas para divulgar entre os interessados todo o material informativo inédito que lhes pode ser útil e necessário;

Sistematizar e fazer circular a informação que a informação no poder não dá e sistemàticamente silencia;

Criar, a pretextos pontuais, um mecanismo organizativo que na primeira oportunidade dê possibilidade a tarefas de fundo e âmbito mais permanente.

No campo das realizações pontuais, que dessem pretexto para essa estrutura organizativa se ir definindo e consolidando, cito:

Cooperativa de produção editorial, lançando fichas de temas inéditos no mercado corrente do Livro e da Cultura em geral;

Jornal que sirva de órgão difusor e aglutinador de todas as pessoas e energias que trabalham para a Mudança;

Manual dos tempos difíceis, sob a forma de fichas indicativas fornecendo-se posteriormente fotocópia dos textos em referência nessas fichas;

Preparar, desde já, manifestações que tenham o apogeu no próximo Dia Mundial do Sol a 3 de Maio de 1979: concursos literários e artísticos, autocolantes cartazes, cadernos antológicos marchas a pé, colóquios, mini-feiras, etc.

Preparar dossiês de informação sobre potencialidades e recursos das regiões onde começam a instalar-se comunidades rurais;

Dar andamento a uma associação de tecnologias e alternativas ecológicas, tal como foi proposta em 10 de Junho nas Caldas da Rainha;

Dar, no campo informativo, andamento intensivo a uma campanha nacional pelo Gás Metano;

Organizar, de modo a torná-la cada vez mais funcional, a biblioteca que será património de Centro ou Instituto de Contra-Informação Ecológica para um Mundo Alternativo pós-diluviano.

Organizar, em regiões particularmente atingidas pelos pré-sinais do apocalipse ecológico – Sines, Setúbal, Cintura de Lisboa, Serra de Ossa, Serra do Algarve, etc.- encontros de estudo e trabalho para mobilizar a convergência de informação fundamental sobre os ecossistemas vivos dessas regiões;♥

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