quinta-feira, 2 de outubro de 2008

RECICLAGEM 1992

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1) os dossiês do silêncio
2)ideias ecológicas para o ecodesenvolvimento autosustentado e democrático de cabo verde

1991: NOTÍCIAS DA RECICLAGEM

[25/7/1992] - O ano 2000 será marcado pelo signo da reciclagem, a avaliar pelo desenvolvimento do sindroma da recuperação. Nada se perde: não se desperdiça, transforma-se e reutiliza-se para economizar as matérias primas puras e a energia.
Em 1990, a indústria de reciclagem representou 30 biliões de dólares em negócios a nível mundial e criou um milhão de empregos directos permanentes.
Em França, por exemplo, 15 milhões de toneladas de produtos recuperados foram transformados em matérias primas secundárias. A Europa produz por ano um volume de 2,2 biliões de toneladas de lixos. Entre este amontoado de matérias, um bilião de toneladas provém da agricultura e 160 milhões dos resíduos industriais reciclados em matérias primas secundárias.
Os despejos transformaram-se em verdadeiras minas de ouro e os seus recuperadores em homens de negócios internacionais que ganham quotidianamente milhões de dólares. «Mas por uma boa causa!», garantem eles.
«É a tomada de consciência dos problemas colocados pela gestão dos dejectos por parte dos poderes públicos e do grande público em geral, que os leva a interessarem-se pela indústria de reciclagem», declarou à AFP Jean-Pierre Lehoux, presidente do Gabinete Internacional de Recuperação, sublinhando a correlação entre protecção do ambiente e a gestão dos dejectos.
Esta indústria conheceu um desenvolvimento acelerado com a revolução industrial. Falava-se então de pequenas empresas de ferro velho ou pequenos recuperadores e são elas que estão na origem das grandes empresas mundiais actualmente existentes. «A recuperação e a reciclagem que eram então actividades autónomas transformaram-se nas malhas de uma cadeia de gestão dos desperdícios. Hoje são reconhecidas como uma das soluções para os problemas do ambiente. A nossa actividade (...) é um ponto de cruzamento entre a ecologia e a economia», sublinha Jean-Pierre Lehoux.
RECUPERAÇÃO SELECTIVA
A recuperação é ecológica e economicamente viável se for feita por profissionais, segundo defendem os especialistas. Com efeito, 45 por cento do aço produzido no mundo é fabricado a partir de metais recuperados. Assim sucede também com 50 por cento do chumbo, 35 por cento do cobre, 30 por cento do zinco e 25 por cento do alumínio. A reutilização de metais velhos permite economizar 60 por cento de energia.
O sindroma dos dejectos, que há muito tempo ganhou a opinião pública, ataca hoje os legisladores, os poderes públicos e certos produtores de bens de consumo. Por todo o lado, a recolha organiza-se mas muitas vezes em prejuízo do bom senso. Grenoble, por exemplo, onde se organizou recentemente um colecta de pilhas de mercúrio usadas, encontra-se hoje com um stock excessivo de mercúrio sem que saibam que destino dar-lhe.
Da mesma forma, a recolha de papéis velhos e cartões não seleccionados vai engrossar o volume de produtos de má qualidade, provocando uma quebra acentuada de preços e o abandono da reciclagem dos velhos papéis.
«Só se deve reciclar o que pode ser recuperado», disse Jean Pierre Lehoux. Neste sentido, «assinámos, há quatro anos, com os responsáveis municipais de França, um protocolo de acordo para pôr em prática uma estratégia de recolha selectiva que só agora começa a dar os seus frutos».
O BIR, criado em 1948 por industriais franceses, holandeses e belgas conta actualmente com 50 países membros e representa 7 mil sociedades de forma indirecta, através das Federações nacionais de membros.
UMA LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL MAIS PRECISA
Desde a sua criação, os responsáveis do BIR reúnem-se duas vezes por ano para analisar os eventuais problemas da profissão, aproveitando também para tratar dos seus avultados negócios.
Cerca de 850 representantes de empresas participaram no último congresso, organizado em Mónaco, em Maio último.
Pela primeira vez desde a fundação do BIR, um industrial francês foi eleito presidente por quatro anos. Jean-Pierre Lehoux, licenciado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris, sucedeu ao americano Jake Farber, director comercial da sociedade Soulier, uma das mais importantes empresas francesas de recuperação de papéis.
As legislações que estão na forja e que ameaçam a indústria de reciclagem estiveram no centro dos debates no Mónaco.■

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