quinta-feira, 2 de outubro de 2008

IDEIAS AC 1992

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25-7-1992

  • IDEIAS ECOLÓGICAS PARA O ECODESENVOLVIMENTO AUTOSUSTENTADO E DEMOCRÁTICO
  • DESPERDÍCIOS E RECICLAGEM
  • APONTAMENTOS QUE FICARAM DAS REPORTAGENS REALIZADAS EM 1984
  • ESFORÇOS INDIVIDUAIS DE RECICLAGEM NÃO FAZEM PLANO NACIONAL
  • MINHOCULTURA OU OS BONS EXEMPLOS A IMITAR
  • Sempre tão ciosos em denegrir os valores portugueses, em nos colocar no fundo da Europa e em nos cultivar um secular complexo de castração nacional, os técnicos que nos governam podiam mostrar-se à la page dizendo aos portugueses o que se faz de interessante em matéria de reciclagem por essa Europa.
    Mas não dizem. E evitam que alguém diga. São os silêncios da Democracia.
    Uma das «tecnologias apropriadas» que tem feito sensação nos meios da agricultura biológica, é não só acessível ao nosso País como uma das mais produtivas formas de reciclar, melhorar a produção e conservar o equilíbrio ecológico do meio natural.
    Conhecida também por vermicultura, a «consumção anelídica» é o trabalho de reconversão e reciclagem de detritos orgânicos em fertilizantes, executado por minhocas.
    Segundo os textos informativos, esta nova forma de destruição de lixo veio juntar-se às formas tradicionais de a) vazadouro; e às mais recentes do b) aproveitamento directo como combustível, c) destilação fora da presença do oxigénio (pirólise), d) digestão microbiana para produção de biogás.
    A grande vantagem -- segundo dizem -- da «consumção anelídica» sobre os outros processos é que não exige dimensão mínima económica, o que não se passa com as instalações de preparação de combustível sólido e pirólise, que requerem o mínimo de 1000 toneladas diárias de lixo para serem económicas. Os investimentos para estas instalações são também muito menores, o que as torna aconselhadas para tratamento de lixos de comunidades rurais e suburbanas. Existem neste momento instalação de destruição de lixos por consumção anelídica no Canadá, Japão, Estados Unidos (Califórnia).
  • RECICLAGEM MORTA ÀS MÃOS OFICIAIS
    Se alguma coisa tem avançado na prática da reciclagem em Portugal, mesmo sem lei -- e dir-se-ia até «fóra da lei» -- a empresas particulares se deve.
    Quanto de Reciclagem em geral e de biogás em particular passou por mãos oficiais, -- é certo e sabido que morreu, abortou. De propósito?
    O caso do projecto «Delta» teve foros de escândalo. Os Serviços oficiais, ao que parece a Junta Nacional de Produtos Pecuários, entenderam invalidar um Plano que, no entanto, muitos outros serviços e técnicos classificariam de «utilidade pública».
  • ALBERTO DE MELO VOLTOU AO EXÍLIO
    Tentada em maio de 1976, por um homem que depois do 25 de Abril regressou a Portugal na esperança de nos «reciclar» em termos de mentalidade europeia -- mas que depressa voltou ao exílio de Paris quando viu que nada podia fazer em Portugal -- , a mais interessante experiência de reciclagem ficou na fase de lançamento e dela guardam alguns uma nostálgica recordação, bem como desse homem chamado Alberto de Melo, que as marés da revolução chegaram a colocar em Director Geral de Educação de Adultos.
    «Recolher embalagens cujo valor de venda reverteria para a compra de material didáctico», foi a intenção desta campanha que, infelizmente, da intenção parece não ter passado, morrendo nos fervores de um processo revolucionário em curso.
  • BIOGÁS
    Entre os projectos de biogás ditos de boa vontade, o do Campinho, a 20 Km de Reguengos de Monsaraz, enfrentou obstáculos de vária ordem, ainda que à partida fosse um dos mais interessantes, baseado nos excrementos de 400 porcos e com o objectivo de produzir energia eléctrica para a respectiva exploração agro-pecuária.
    Duas vacas para aquecer biblioteca
    Perto de Évora, estiveram alguns meses a funcionar os digestores apresentados pela AREA (Associação Regional de Energias Alternativas) nos pavilhões da Expo-Sol 80, realizada na feira de S. João daquela cidade.
    Bidons de óleo (usados) estão na base das duas peças fundamentais do biogerador: o digestor (câmara de fermentação) com capacidade de 600 litros e o gasómetro (500/600 litros).
    Considerado um «digestor de carga experimental», esta instalação serve os gastos de cozinha de uma a duas pessoas. Ali pudemos verificar também que as baixas temperaturas das três noites anteriores tinham suspendido a fermentação e portanto a produção de gás.
    Esferovite, cortiça, lã mineral, lã de basalto ou fibra de vidro: eis algumas hipóteses de material a utilizar para manter o digestor na temperatura necessária.
    Supõe um técnico da Associação AREA, que 5 a 7 centímetros de espessura isolariam o suficiente para fermentação normal, já que numa instalação rudimentar como esta é impensável (quer dizer, não «rentável»...) complicá-la com um colector solar para reaquecimento da cuba digestora. Ainda segundo o mesmo técnico, duas vacas poderiam garantir, com os seus excrementos, o aquecimento da biblioteca nesta casa onde se encontra o actual digestor «experimental». Digestores de 2500 litros e um gasómetro de 2000 litros podiam garantir a temperatura ambiente média de 20 graus centígrados na referida sala.
  • AUSENTE DAS LISTAS AMARELAS
    Ao contrário das energias renováveis em geral, que já têm lugar (uma página) na mais recente[???] edição da Lista Telefónica Nacional -- Páginas Amarelas -- o Biogás ficará para a próxima.
    Como contributo, indicamos as firmas que já trabalham activamente na elaboração de projectos de unidades de exploração de biogás (Ver endereços no file :
    Drena, Agritur, Agriba Internacional, International Trading Agency, Agroprojecto, Nutrimar e Quasis.
  • O SISTEMA MIDA
    O MIDA -- sistema de produção de biogás patenteado pela empresa italiana SEA (Desenvolvimento, Energia e Ambiente), -- foi apresentado em Portugal por dois técnicos daquela firma, que em Setembro de 1981 se deslocaram a Lisboa.
    Segundo os promotores, numa instalação agrícola que disponha do MIDA, todos os gastos com electricidade serão eliminados e, inclusive, a produção de energia eléctrica poderá atingir índices que permitam a sua venda.
    Como subprodutos da fermentação anaeróbia, o MIDA produz fertilizantes orgânicos: depois de secos, podem ser perfeitamente utilizados como adubos.
    Quanto à carga e descarga dos excrementos para dentro das cubas -- operação que é dada muitas vezes como argumento contra o biogás nos países onde a mão de obra não abunda -- o sistema MIDA diz que elimina o problema, pois dispõe de servomecanismos à base de microprocessadores electrónicos.
    Em suma e segundo os seus promotores, o MIDA não gasta energia (porque se autoabastece), produz electricidade e calor em índices elevados, resolve a poluição (na medida em que reaproveita totalmente os dejectos de pocilgas e aviários) e oferece gratuitamente fertilizantes agrícolas de qualidade.
    Os representantes da SEA, Prof. Mário Cotugno e Eng. Aldo Mango, registaram em Portugal a patente do seu «módulo de depuração anaeróbia».
    Saliente-se que o referido «módulo» pode ser instalado em explorações de pequena dimensão: o mínimo indispensável é da ordem dos quatro ou cinco animais. ■

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