sábado, 8 de novembro de 2008

HORIZONTE 2012

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6-3-2007

CARTA AC A AL GORE

Meu Caro Al Gore:O teu filme trata, principalmente, de uma ameaça global, aquela que actualmente é mais propalada, sabe-se lá se assoprada por interesses inconfessáveis ou que não se manifestam abertamente.
Mas, como bem sabes, há outras ameaças globais que, desde os anos 60 e princípio dos anos 70, têm vindo a ser denunciadas, não só por cientistas (que regra geral estão sempre muito ocupados na casa de banho, ou distraídos com o pormenor não abarcam o global) mas por homens de pensamento, filósofos atentos ao status quo mundial, profetas e visionários (místicos, anarquistas, pensadores, escritores), que intuíram ou verificaram, com intuição, sensibilidade e amor, as ameaças que há pelo menos 40 anos começaram a tornar-se nítidas no horizonte global.
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6-3-2007
Meu Caro Al Gore: Afinal és um gajo porreiro e contas a tua história de maneira comovente. Tens os cientistas do teu lado e o teu inimigo principal é a estupidez de alguns interesses comerciais, de alguns lobbies, de alguns gananciosos que nem a eles próprios se querem salvar. Preferem prioritar os interesses petrolíferos de anónimas multinacionais. Coitados deles e das almas deles.
Em princípio e até ver, o teu alerta ecológico não serve segundas intenções, ou serve apenas uma intenção lícita: a tua promoção como eventual candidato à presidência.
E acima de tudo marcas a diferença relativamente às posições dominantes hoje acerca das ameaças globais.
Entre as carpideiras do Juízo Final e os Panglosses do costume, meu caro Al Gore, tu traças um itinerário inesperadamente honesto, confessional, redentor, com uma esperança infinita de que o Planeta Terra há-de sobreviver a esta crise apocalíptica.
Claro que não vai e o fim da Planeta Terra está mais do que próximo, está iminente.
Mas ficam-te bem esses sentimentos e a esperança que finges acalentar.
Uma esperança desesperada como dizia o poeta.
Já alinhei, como tu, nos niilismos radicais e disso não me arrependo mas acho que também contribuí, com esses alertas, com esses alarmes (e alarmismos) para agravar a situação.
É o que fazem hoje os especialistas chamados cientistas – mais ou menos de boa fé – multiplicando globalmente, com a ajuda dos media globalizantes, o niilismo e a raiva.
Não tens como eu nenhuma seita do fim do mundo a defender e por isso és um espírito livre em que outros espíritos livres podem confiar e em que se podem apoiar.
O teu poder é redentor e bem o provas neste filme que os Óscares premiaram porque não tinham outro remédio.
Aqui para nós, meu Caro Algore, tu é que premiaste a Academia (e de uma vez por todas) anualmente encarregada de distinguir nenhuma coisa no meio de coisa nenhuma. E ainda ganhaste outro prémio com a proclamação que Madona fez do teu filme: «o melhor documentário de sempre» disse ela.
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7-3-2007
Se estou hoje interessado em militar (com power point e tudo) na hipótese vibratória recebida do Etienne Guillé, é porque considero fundamental esse passo – a que chamei ecologia alargada - ou imperatico cósmico – para não continuarmos a patinar no desespero e no caos a que planetariamente fomos chegando como bem contas no teu filme.
Filme que, apesar de apontar as metas da globalização, foi feito em função do meio norte-americano e suas taras ou idiossincrasias.
Confesso que nunca pensei que fosse tão grande a mediocridade por ti enfrentada, para já não falar dos interesses rastejantes que te rasteiraram a carreira política.
Está explicado porque nunca ganhaste a presidência mas está explicado também porque havia uma predestinação na tua missão de vida.
E a predestinação ´
E esta: ficaste um dos apóstolos mais influentes deste nosso tempo e mundo, em favor da boa nova.
Não foram os Óscares mas a Madonna que classificou o teu filme como «o melhor documentário de sempre.»
O que nem sequer é difícil dada a tal generalizada mediocridade de quase tudo o que vem com o carimbo «made in usa» , mediocridade a que tiveste de fazer frente quando decidiste percorrer um determinado caminho.
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Como não tenho tido oportunidade de me vender às petrolíferas – posso então vender-me a quem me queira comprar por um preço justo e atendendo às variações do mercado financeiro (vulgo: bolsa). E dou certificado de garantia, em caso de avaria.
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8-3-2007
Se os que detêm o poder (político, económico, religioso, financeiro, nuclear)nada têm feito e nada querem fazer para contrariar e acima de tudo evitar as ameaças globais que pendem sobre o Planeta, não serão as pessoas que, individualmente, ou em grupos ecológicos, ou mesmo em ong’s vão poder alguma coisa.
E muito menos quando num país como os Estados Unidos da América ganham os candidatos que não deviam ganhar e perdem os candidatos que deviam ganhar.
É aí que a viragem terá de se fazer, a nível de paradigma e em que a mudança de paradigma terá que se fazer, a bem ou a mal.
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9-3-2007
A questão das eco-tácticas, com que finalizas o teu documentário, nem sequer é o de serem uma pinga de água no oceano de destruição e poluição.
Além de ingénuas – uns 5% do que seria necessário para travar e inverter a escalada da destruição, as eco-tácticas ainda por cima, vão encorajar os facínoras da hecatombe: vão ficar mais uma vontade, porque as multidões decidiram agir ecologicamente falando.
Uma ditadura da qualidade que obrigue os criminosos a retroceder, é indispensável se queremos mesmo evitar o inevitável caminho para o abismo.

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