segunda-feira, 3 de novembro de 2008

PRIORIDADES 2012

1-2 - entropia> manifesto
13-2-1991

ENTROPIA E GIGANTISMO

Quanto mais o cancro cresce, mais pele, osso e camisa nos tiram. Como Roberto Vacca sugeriu e quase demonstrou no seu ensaio célebre «A Próxima Idade Média», o gigantismo produz três principais consequências:
a) a partir de certa dimensão, os sistemas, como os dinossauros, deixam de servir os objectivos para que socialmente foram criados, vampirizando os seus já teóricos destinatários ou utentes;
b) se o sistema, ao crescer, entra em irreversível Entropia, tenderá autofagicamente, a comer-se a si próprio, pois, exponencialmente, quanto mais se autodestroi e autodevora mais energia precisa para se manter;
c) resulta daqui que cada homem na terra está a pagar, e pagará cada vez mais caro, esta entropia logarítmica em que o sistema, girando sobre si próprio, entrou. Por mais corpos, vidas, pessoas, consumidores que o sistema meta na «caldeira», nunca se dará por satisfeito, os défices e as dívidas externas aumentarão logica e logaritmicamente, as tensões sociais e as guerras localizadas proliferarão, pois tudo isso é logicamente carne de canhão para o sistema continuar, a Leste e a Oeste, destruindo ecossistemas, em marcha vertiginosa para a sua autofágica autodestruição.
Na sua crítica à Entropia, Ivan Illich chega às mesmas conclusões: o actual sistema de transportes urbanos, feito para alegadamente aumentar a velocidade de deslocação dos utentes, já se encontra na vertente contrária: os transportes na cidade servem hoje não para acelerar a deslocação mas para congestionar e paralisar a vida quotidiana das pessoas. Sofrendo de indigestão crónica, o sistema vomita-se a si próprio. No entanto, continua a enfardar, para o que precisa de nos tirar alma, olhos, pele, osso, camisa e etc..
A lógica do absurdo girando à velocidade da luz. Quanto mais os subsistemas nacionais e regionais se ligam à Central (no caso dos bancos o cerne é o Banco Central...) mais custosos ficam ao pagador final (nós todos), pelo tal fenómeno de entropia logarítmica.
Aplicando esta mesma regra do funil, D. Branca não fez nenhum discurso inflamado contra a Banca, nem prometeu melhores dias e salários para o futuro (sic). Reproduziu, ponto por ponto, a engrenagem. Limitou-se, em microcosmo, a pôr em prática uma pequena engrenagam que inutiliza a macroengrenagem. É isto que o sistema não perdoa. Que acusem o capitalismo de comer meninos (ou vice-versa), sim, óptimo. Dá-se ares, assola cães-polícia, manda mangueiras e gás lacrimejante sobre as ululantes multidões. Agora que o ignorem, pura e simplesmente, que lhe passem ao lado sem sequer lhe dar a honra de o desprezar, o sistema fica pior que estragdo.
[Recentemente, a Ordem dos Médicos travou-se de polémica com a comissão instaladora da Faculdade de Medicinas Alternativas. Adorou a oportunidade estupenda de ir à televisão, de andar em polémica, de se mostrar em forma, de exibir seu poder, seu monopólio, suas garras, sua arrogância.]
Já a «tecnologia apropriada»,[das medicinas alternativas] o contrário de toda e qualquer retórica, de toda e qualquer abstracção, de toda e qualquer ideologia, enquanto tecnologia útil que inutiliza o sistema, não agrada nada. Não dá luta. Esgueira-se no mato, como a guerrilha vietcong no Vietname. Na clandestinidade. É como bambu - dobra mas não parte. Continuará progredindo, clandestinamente, até minar o sistema.
Somos os ratos do sistema, os clandestinos da Sociedade.♥♥♥

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