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quarta-feira, 24 de Janeiro de 2007
DEIXA-ME EXPLICAR MELHOR
Detecto algumas palavras-chave na nossa conversa, umas em que falámos e outras que ficaram apenas implícitas e sobre as quais talvez me possa explicar melhor.
Anarco-ecologismo
Crise petrolífera
Dialéctica
Dispersão
Esquerda/Direita
Evolução
Globalização
Jornalismo de causas
Lobbies
Lógica do lucro
Mutação
Opção política partidária
Poder mediático
Praxis
Progresso
Tecnocracia
Globalmente considerada, esta nossa «civilização», não tem progredido mas regredido. O «progresso»,inclusivé o tecnológico, tem sido uma decadência. E desde, pelo menos, há 41 mil anos, desde a 1ª idade de Ouro.
O ensaísta inglês John Michel defende essa ideia.
E algumas civilizações – egípcia, maia, chinesa – também o comprovam.
Nem é preciso recorrer ao argumento científico (astronómico) das grandes eras zodiacais: nem de que estamos em transição da Era dos Peixes para a Era de Aquário.
Para tranquilizarem as suas consciências, o especialistas e cientistas querem que tudo isso seja «astrologia». Pois que durmam em paz.
Por força da própria dialéctica dos acontecimentos (a precessão dos equinócios em que falam os ilustres astrónomos modernos), a fase histórica em que hoje nos encontramos é de viragem.Ou antes: de transição. Ou antes: de mutação e de transmutação.
É para mim, portanto, um dado adquirido que há quarenta e um mil anos, mais dia menos dia, mais hora menos hora, mais minuto menos minuto, mais segundo menos segundo, perdemos a 1ª Idade de Ouro, fosse ela ou não a civilização Atlante, herdeira por sua vez da civilização Lemuriana.
E que, desde a Queda (que a Bíblia refere), temos realizado uma marcha para o abismo, acelerada nos últimos anos do tal chamado progresso, da tal «evolução». Os especialistas andam numa gritaria, como toda a gente sabe, com o aquecimento global, os meteoritos que podem colidir com a Terra, os vulcões prestes a explodir e as pandemias virais que desta vez viriam das negregadas aves que ainda por cá andam e que os produtores de aviário ainda não conseguiram exterminar de vez.
Em termos de ano cósmico (outro facto inelutável que os astrónomos não contestam), é a chamada Idade do Ferro (Kali Yuga) ou Era dos Peixes mas, neste momento, já estamos entrando na Era do Aquário.
A grande Esperança da humanidade e do Planeta Terra reside precisamente nesse imperativo cósmico, que é indesmentível, imparável e irreversível. Não há forças humanas nem terrestres capazes de o contrariar. Mas como continuam a tentar contrariar, todos sofreremos com isso e provavelmente vamos sofrer uma segunda Queda antes que o Advento da Segunda Idade de Ouro se concretize.
E até nem estou a falar de Astrologia nem de New Age. Estou a falar de dados cientificamente comprovados e estudados por especialistas da ciência moderna, os senhores astrónomos, que só têm um pequenino defeito no meio das suas imensas e múltiplas qualidades: é que não ligam a bota com a perdigota, ou seja, o macro com o microcosmos, vá lá saber-se porquê e por que estranha miopia.
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Nunca poderia ter uma opção política partidária: em relação a questões de índole nacional que reputo fundamentais, os partidos e governos e oposições têm-se mostrado uma boa merda.
Citando, mais uma vez, a questão energética, fundamental em qualquer sociedade moderna, raia o pornográfico a forma como os vários poderes (incluindo o poder mediático, ao qual evidentemente não compete fazer demagogia com o alegado alibi da «neutralidade», do «neutralismo», da «objectividade») a têm enfrentado.
Como alguém disse: temos andado, cantando e rindo, numa «pastorícia energética», com todos a gritar ao Gregório por causa da famigerada crise petrolífera.
Até me lembro de ter escrito (entre centenas de outros artigos sobre política energética) e publicado, 6 meses antes do 25 de Abril, um livrinho chamado «Depois do Petróleo, o Dilúvio» e que saiu na editora Estúdios Cor, numa pequena colecção que eu coordenava e que se chamava «Biblioteca do Ano 2000».
Como alguém também disse, recentemente, planeamos muito mas sem planeamento. E já os soviéticos de Lenine a Estaline, diziam querer o planeamento acima de tudo.
Aí, como bom anarquista que sou, preconizo uma ditadura da inteligência e da qualidade como queria e propugnava o senhor Platão: nem esquerda nem direita, que se têm mostrado na prática (a famosa praxis dos marxistas) uma boa merda, raiando o execrável e o abjecto.
Quem comanda hoje a política energética (eterna desculpa para os nossos males económicos) são os lobbies do negócio, é a lógica do lucro em vez da lógica do bem comum.
O que sempre disse e escrevi e publiquei (quando me deixaram) é que precisamos de um novo 25 de Abril.
Nas edições «Frente Ecológica», acho que publiquei uns cadernos numa colecção chamada «Textos que a Censura me Cortou». E se falava então de Censura ela era, com certeza, de esquerda. Por isso os auto-editei e devo dizer que não estou nada arrependido.
Área de Sines, Barreiro, Alqueva e Eucaliptos (= celuloses) foram quatro dossiês em que andei à estalada com eles todos, ou seja, em polémica com os do politicamente correcto.
Para os progressistas nunca fui suficientemente progressista,e recordo-me na «Crónica do Planeta Terra» («A Capital) de ter falado muitas vezes em «retrocessos do progresso».
As reportagens que publiquei (em jornais e depois em livro intitulado «Ecologia e Luta de Classes»,1977), sobre Barreiro, Sines, Alqueva e Serra de Ossa (o maior eucaliptal português) fizeram-me cair em desgraça entre todos os progressistas que têm, como se sabe, o monopólio da virtude e necessariamente todo o progresso na barriga.
Se haviam, no mínimo, de me agradecer levaram a vida deles a atirar-se-me às canelas. Por isso eu é que lhes agradeço.
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A dispersão – pecado mortal do jornalista – não foi só na actividade jornalística . Foi também uma dispersão por várias áreas temáticas que estupidamente cultivei através da chamada crítica: filmes, livros, ideias, acontecimentos e raramente ou nunca pessoas (é verdade : consegui esse recorde, não criticar pessoas, apenas me defendi quando me atacavam. )
Antes de entrar na profissão de jornalista («República», 196?), era na crítica que descarregava toda a minha adrenalina. E esse vezo da crítica vem desde «A Planície», incentivado pelas leituras exaustivas que fiz dos ensaios de António Sérgio, de cujo racionalismo («errâncias da razão» lhe chamo) me empanturrei.
Continuei com a mania crítica por todos os jornais onde colaborei e que foram bastantes e que ilustram também a tal «dispersão» que foi sempre a minha, muito para lá do razoável. Quando te disse que só mais tarde (France Press, em que ano?), percebi o que era fazer notícias, era isso que eu queria dizer: a grande diferença entre:
a) redactor de notícias
b) repórter
c) crítico
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Consideraria progresso no jornalismo, por exemplo, que houvesse paridade entre as boas e as más notícias: 50% para cada lado, pelo menos
E que o facto de só haver más notícias – ou de que só as más notícias fazem vender papel – não servisse de pretexto e alibi.
Até porque as «más» notícias «caem» nas redacções e não é preciso trabalhar muito por elas.
Já as «boas» é preciso escavá-las, procurá-las, investigá-las.
Mas isso depende só e exclusivamente das empresas e da linha editorial que interessa às empresas: o jornalista, o redactor e mesmo o chefe ou director nada podem contra essa lógica do poder mediático que, evidentemente, é a lógica da mediocridade. O pode mediático multiplica a mediocridade e depois justifica-se com a mediocridade do que as audiências querem.
N’«A Capital» fiz dois meses de licença sem vencimento quando me desafiaram de um novo jornal que fez reaparecer o título d’«O Século», não sei se se chamava «Novo Século».
Foi uma experiência curiosa: pois consegui uma notícia por dia, as tais boas notícias que eu próprio investigava e que metia em agenda. E que eram notícia em sentido estrito, ou seja, eram novidade: no tema e no acontecimento, coisas que ainda não vinham da Lusa nem tinham sido ainda noticiadas. Eram, se quiseres, já prenúncios da temática «Nem Age».
Vale dizer que o jornal (dirigido por Artur Albarran) só durou dois meses.
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Por algum motivo tenho uma pasta no meu computador com centenas de files e com um rótulo eloquente: dossiês do silêncio.
A lista de temas que se fizeram tabu, neste país, nunca mais acaba.
Por isso falo de um novo 25 de Abril
Por isso falo de uma ditadura da qualidade para substituir a ditadura da mediocridade em que governos, partidos e oposições nos mergulharam.
Por isso falo de textos censurados.
Por isso preconizo que se investiguem esses dossiês do silêncio, até ao fim, o dossiê dos incêndios de Verão, por exemplo.
Se isso fosse tão badalado como o Apito Dourado ou qualquer outra miséria dourada a que os media reiteradamente nos remetem as 24 horas do dia em cada 24 horas, talvez eu voltasse a acreditar que há uma democracia a funcionar.
E progresso.
E que as ideias de esquerda venceram.
sábado, 8 de novembro de 2008
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