quinta-feira, 6 de novembro de 2008

POSTULADOS 2012

1-2 - ideologia-4-di-ce> = diário de ideias - inédito ac de 1987 (?) – 5 estrelas -Da Ecologia Humana à Gnose Vibratória
24.07.2003

A FUNÇÃO DOS SÍMBOLOS NA ÉPOCA DOS ERSATZ VIRTUAIS

- A força manipulatória dos órgãos mediáticos
- Unidade, unicidade, uniformidade
- A tentação hegemónica de uniformizar (ódio ao diferente)

Do lógico apelo à unidade, ao yoga, à religião (religação), à filosofia, à holística, nascem, sem se dar por isso, por estrutural perversão humana e cósmica, todos os ersatz ou pontos cruciais da religação que crucificam a liberdade humana.
Se uma barragem veda a corrente de um rio, transforma-se no ponto crucial de todo esse rio. É a condição sine qua non, a chave que dele decide, tal como a nascente.
A questão ecológica, não é a barragem mas a nascente de toda a realidade histórica actual, a chave, a condição sine qua non que decide de tudo.
Podem fazer-se mil acções a jusante: nenhuma tem sentido, se a nascente secar.
Consequências da crise ecológica são globais, ou tendem a ser globais, pelo que todas as estratégias políticas em vigor, mesmo as de Ambiente, não são ecológicas, ainda que levem abusivamente esse nome.
A questão ecológica condiciona todas as outras, define a lista de prioridades absolutas e reais.
O buraco na camada de ozono é um ponto de referência absoluto e não precisa de ser constantemente citado para estar presente em tudo o que se fizer ou não fizer sobre o planeta.
Risco da condicionante ecológica: da unidade essencial e real passa-se facilmente à tentação uniformizante que é a tentação de muitos sectores e de muitos sectários de onde deriva, inevitável, a tentação hegemonizante.
Unicidade , uniformidade e unificação tentam o ser humano como resposta à sua sempre frustrada fome de unidade
Medidas sectoriais e sectárias de uniformidade, as rasoiras totalitárias marcam o nosso quotidiano como dados adquiridos.
Entre essas medidas, quem se lembra de que está submetido, nos seus mais pequenos gestos quotidianos, pelo calendário gregoriano?
A força simbólica da chave vem provavelmente desse poder crucial : também a cruz não deixa de ter uma enorme carga simbólica assim como a encruzilhada.
A chave abre ou fecha um conjunto polimorfo de coisas a que posso ou não ter acesso. Ter a chave é, em certo sentido, ter uma arma, outra das entidades cruciais.
Mas também o alfabeto, invenção humana, o é. Quantas coisas dependem do alfabeto tal como outras tantas dependem do calendário?
Um primeiro-ministro concentra em si o poder crucial, porque dele derivam outros poderes. Está no ponto crucial de muitos outros poderes. A reverência pelo poder não é apenas um fenómeno de superstição, mergulha nesta certeza implantada no subconsciente colectivo de que o ponto crucial move à sua volta muita coisa.
Não será também o fascínio da pedrada no charco?
As figuras mais badaladas nos jornais, com direito a foto, são símbolos menores da chave: por elas ainda passa muita coisa, carregam-se de vibrações, de olhares, de admirações, de invejas.
Ficam uma pilha de nervos.
Há categorias, grelhas que enquadram todo o nosso quotidiano sem nos apercebermos disso. Evitam que se enlouqueça no oceano de variedade multiforme, é um ersatz da unidade perdida.
Tal como o tempo e o espaço são categorias cruciais da natureza, o sistema de calendário adoptado condiciona-nos, como construção humana, através dos séculos.
Como nos condiciona o sistema de pesos e medidas.
Como nos condiciona a força da gravidade. As estruturas prévias e primárias criadas, estabelecidas, institucionalizadas, fundam a necessária homogeneidade num universo de enlouquecedora heterogeneidade, homogeneidade estruturante que nos torna peças de um conjunto, órgãos de um mesmo corpo. Evitando perder a razão.
Mas a homogeneidade toca facilmente a uniformidade.
A tentação hegemónica e totalitária espreita.
A espécie humana é demasiado variada, as democracias agitam-se, por dentro, com os partidos (inimigos da unidade...), o mal-estar da diversidade invade as sociedades organizadas.
Sempre, dominante, a tentação de reduzir todas as vozes a uma só voz, a torre de babel como símbolo eterno de todos os pontos e poderes cruciais da humanidade.

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