domingo, 9 de novembro de 2008

KEY-WORDS 2012

1-1- problems - manifest
[20-2-1991]

MANTER PROBLEMAS PARA AUMENTAR OS LUCROS

Cancro, desemprego, poluição, ruído, bairro da lata, inflação, energivorismo, deficiência psicomotora, desabitação, não são para o sistema problemas por resolver: enquanto continuarem a dar lucros, são factores intrínsecos ao sistema e à sua própria sobrevivência. Ainda que houvesse meios técnicos de os resolver, não seriam resolvidos.
São estes, portanto, os «problemas» sem os quais o sistema não poderia subsistir: e alguns outros, que o sistema igualmente não resolverá enquanto deles obtiver lucros económicos ou dividendos políticos:
Poluição é um dos problemas que interessa manter e não resolver. Se não houvesse poluição, teria que se inventar - como disse alguém. Ela assegura só por si o grau de intoxicação (alienação) necessário para que o sistema possa pôr e dispor do rebanho que tem à sua guarda.
Se o cancro, à partida, é rendoso, todos os dispositivos de mercado estão orientados para o fazer ainda mais rendoso. Por isso nunca será resolvido, embora seja hoje um dos tais grandes «problemas» que já têm solução.

- Desemprego é outro dos «problemas» tecnicamente com solução mas que o sistema diz insolúveis. Bastava diminuir as horas de trabalho por semana e os anos de trabalho da vida de um trabalhador, medida já tomada por Leom Blum, em França, em Maio de 1936
- Mortes na estrada
- Deformações e deficiências provocadas por medicamentos e centenas de consumos
- A crise energética que é apenas energivorismo do sistema e do qual ele não quer abdicar
- Habitação: não resolver o problema da habitação é, tal como o desemprego, manter as pessoas no mal-estar, na angústia, na instabilidade, no stress, na submissão, na humilhação da miséria
- a chamada crise do mundo rural e agrícola - sistematicamente provocada, mantida, agravada - é evidentemente um «problema» que ninguém esteve, está ou estará interessado em resolver; enquanto o sentido imposto pela exploração tecnoburocrática for despovoar os campos para, nas grandes cidades, nas cidades-pesadelo faer funcionar com maior rentabilidade, os mecanismos da repressão, da alienação e da destruição.
Aliás, qualquer dos outros problemas entre aspas - poluição, cancro, ruído, desemprego, morte rodoviária, deformação e deficiência psicosomática, energivorismo, habitação, etc - sendo problemas da macrocefalia urbana são, portanto, consequência directa da desruralização. ou seja, consequência do que acima de tudo o sistema quer e necessita: arrancar o homem à terra, arrancar a terra ao homem. ■

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