quarta-feira, 5 de novembro de 2008

ITENS 2012

1-4- habitat-2> - link abjecção – súmulas – entrevista-testamento - os dossiês do silêncio(prefácio) – as intuições de fundo – os anos heróicos – inventários – o habitat invisível – o sistema de mitos (que nos governam) - 1971

03-06-2001

QUADRO ORGÂNICO DA ABJECÇÃO
II
O que se entende por mito numa sociedade burocrática de consumo dirigido.
A tirania psicológica da publicidade.
A publicidade substituindo, numa sociedade de massas, a Educação.
Função da rádio, cinema e TV no enraizamento de mitos.
O que pensa Aldous Huxley em «The New Brave World» sobre as novas técnicas da modificação de opiniões, de lavagem ao cérebro.
O indivíduo contra a corrente da opinião maciça.
Os mitos do cinema e literatura standart, sua única função de consumo.
Os perigos da abstracção ou despersonalização, previstos por Gabriel Marcel e Emmanuel Mounier, entre outros.
«O Homem Contra o Mito», um livro de Barrows Dunham .
Pop - apenas uma palavra ou um fenómeno mundial? .
Subtil mas abissal diferença entre comunicação de massas e cultura de massas.
Quando a literatura toma consciência do problema "mito de consumo”, será função do escritor substituir os de consumo por mitos poéticos ou autênticos?
Demagogia ou as relações de propaganda com as massas.
Literatura de cordel (foto-novela) ou a demagogia ao nível dos sentimentos .
"Crónica Feminina" e seus 150.000 exemplares de tiragem.
Carências afectivas de uma sociedade alienante, supridas depois por uma literatura de consumo.
Lisonjear as massas, tanto pode ser com um discurso político como com uma novela onde tudo acaba bem .
Ocultar com as pequenas verdades as grandes mentiras, com reformas de superfície a revolução de base que se não faz, com pequenos benefícios os malefícios maiores, eis a demagogia .
Defesa dos valores que têm a simpatia das massas.
Inaugurar uma fábrica que é negócio de monopólios, deve dizer-se que é em beneficio da economia nacional, uma economia e um nacional sempre abstractos onde, no entanto, convém fazer crer a maioria.
A demagogia assim como o boato são produtos de uma sociedade fechada e corrupta, sem imprensa livre por onde respire a informação e sem parlamento onde as contradições se suavizem pelo reformismo demo-liberal ou social-democrata.
Ingredientes da demagogia: contradição, incoerência, fingimento, hipocrisia, discurso, promessa, apelo às massas, a parte como se fosse o todo, o particular como se fosse o geral, o secundário como se fosse o importante.
Mecanismos de opressão e técnicas de aviltamento: os mecanismos que liquidam a individualidade, cerceiam a liberdade, devassam a intimidade afectiva.
Delação, chantagem, carta e telefonema anónimos, censura de cartas, violação e devassa de domicílio, lavagem ao cérebro, interrogatórios, torturas.
Formas de bombardear a mente das massas e o comportamento individual: publicidade, espionagem, educação, informação.
Instituições que usam os mecanismos de opressão: serviços secretos, polícias, escolas, mass media.

O universo concentracionário em pleno quotidiano.
Publicidade é o fascismo das sociedades ditas democráticas .
Jean Luc Godard e a sua denúncia das mitologias que nos governam.
O cinema-indústria e sua má consciência no processo.
Os mecanismos de opressão e compensação, ou a mitologia degenerada.
Pela literatura ( fotonovela, policiais, espionagem), pela rádio (rádio-novela, policial, espionagem), pelo cinema (cine-novela, policial, espionagem), pela televisão (tele-novela, policial, espionagem): os seriais no equilíbrio emocional dos indivíduos alienados pelo trabalho, pela exploração do homem pelo homem, pela instabilidade social, pela doença, pelos traumas físicos e psíquicos .
Os mitos da violência sabiamente intercalados nos de demagogia sentimental que servem de isca à finalidade última dos empresários .
Técnicas de aviltamento: propaganda e publicidade como técnicas perfeitas de aviltamento
Os meios de Informação que deveriam ser de Educação de massas ao serviço da Intoxicação mental.
A crítica como técnica de higiene ou prevenção da saúde mental e ataque à doença.
Indústrias distractivas ao serviço delas mesmas.
Estádios, olimpíadas, taças, campeonatos, rallis, lotarias, concursos, brindes, totobolas, mecanismos simultaneamente de distracção, aviltamento e compensação para as frustrações do tomem alienado.
Desportos de luxo, inverno, náuticos.
Foto-novela, romance de acção, (policial, antecipação, espionagem), bandas desenhadas
180 títulos de "comics" no mercado francês, tiragem global de mais de 15 milhões de exemplares .
Tintin, Astérix, Tarzan, Mandrake, Fantomas, Superman, Mickey.
Tiragem unitária, entre 80 e 200 mil.
Literatura marginal, não confundir com literatura paralela .
Indústria literária.
"Presse du coeur", tiragem global em França de 2 milhões.
O automóvel, mito estudado por Alfred Sauvy.
O "sistema da moda", ditadura imposta pelo sistema capitalista, motor da histeria do consumo.
Estreita cumplicidade entre publicidade e moda, capitalismo e moda, exploração e moda.
A indústria da imprensa da moda.
Cepticismo justificado quanto à possibilidade de a sociedade evoluir para a liberdade, sem constrangimento mitológico, sem aparelhos de lavagem ao cérebro, sem o bombardeamento de signos que conduzem, por reflexo condicionado, a um total embrutecimento.
Embrutecidas as massas, os governos farão delas o que quiserem.
Qualquer Hitler poderá levar uma nação inteira à guerra, em menos de três horas.
Roland Barthes e os seus livros «Système de la Mode» e «Mithologies».
José Augusto França e António Osório, dois exemplos portugueses da sociologia do mito .
Em torno de certos complexos ou estruturas míticas congrega-se uma massa de público que dá ao fenómeno gravidade, extensão e importância política .
Também por aqui a tendência é de a cultura se politizar.
O público da «Crónica Feminina», o público do Odeon, o público das séries televisivas, o público dos rádio-romances, o público dos folhetins, o público das notícias de crimes passionais, o público das bandas desenhadas, o público do Parque Mayer (revistas): para cada um destes "mundos" ou "sistemas de mitos" há um público que com eles forma um sistema, circuito ou estrutura.
Haverá que julgar esta morfologia mítica ou apenas (como faz Barthes) estudá-la, analisá-la, desmontá-la, sem tomar partido?
Há que politizar o estruturalismo?
Filosofia dos «mas media» : Aldous Huxley, Marshall Mc Luhan, Roland Barthes .
Mitos da ciência e Barnard como exemplo de fenómeno pseudo-científico ao serviço da propaganda política .
A ciência manobrada pela tecnologia e esta pela indústria ou necessidade de explorar o homem pelo homem.
Corrupção da pretensa autonomia da cultura, pela pressão financeira das empresas a que o intelectual ou pensador tem que vender o trabalho.
Inevitabilidade de politizar a cultura.
Os prémios científicos, literários e a jornalistas, ou a chantagem pela competição.
A roleta na ordem da competição intelectual expõe o escritor à corrida como qualquer cavalo.
Testes psicotécnicos para admissão nas empresas, forma disfarçada de espionagem.
Investigação da vida familiar, para idênticos efeitos.
Espionagem nas empresas por escuta telefónica., minigravadores e teleobjectivas .
Papel do jogo no equilíbrio emocional do homem alienado.
Lotaria, totobola, corridas de cavalos e de automóveis, rifas e dados, jogos de azar e roletas, cartas e xadrez - sentido lúdico da existência a disfarçar uma existência alienada, vazia e sem sentido.
O problema do anonimato em jornalismo.
Opinião ou comentário (subjectivo) e a pretensa objectividade.
Inevitabilidade de o jornalista ser «engagé», consciente e responsavelmente «engagé», inevitabilidade de se politizar.
Não há jornalista sem crítica e não há critica sem opção de valores contra outros valores.
Urgente que a crítica se imponha frente à lavagem sistemática dos cérebros pela propaganda e pela publicidade.
A neutralidade requerida por alguns ingénuos só seria possível num mundo sem propaganda e publicidade .
Deontologia jornalística não é neutralidade e evasão, é tomada consciente de posição.
Moral é defender o interesse do público contra, por exemplo, os serviços públicos que mal o servem.

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